Um ataque inicial com um drone explosivo israelita atingiu o telhado do Hospital Nasser e foi seguido por um segundo ataque aéreo israelita.
Hussam al-Masri, repórter de imagem contratado pela Reuters, foi um dos jornalistas mortos no ataque inicial. A transmissão em direto da Reuters a partir do hospital, operada por Masri, foi subitamente interrompida no momento do ataque inicial, segundo mostram imagens da agência.
“O primeiro ataque teve como alvo o quarto andar do complexo médico Nasser, seguido de um segundo ataque, enquanto ambulâncias chegavam para resgatar os feridos e mortos”, afirmou o Ministério da Saúde de Gaza em comunicado, dando conta de “numerosas vítimas”.
Nas imagens do segundo ataque, transmitidas pelo canal de televisão egípcio Al-Ghad, podem ver-se cinco pessoas a subir uma escada de incêndio para o último andar, que foram atingidos diretamente.
Testemunhas dizem que o segundo ataque ocorreu depois de equipas de resgate, jornalistas e outras pessoas terem acorrido ao local do ataque inicial e tentavam recuperar os corpos das vítimas.
🚨BREAKING :A video documents a horrific Israeli crime: targeting ambulance and civil defense crews as they were rescuing victims and the wounded after Israel bombed Nasser Medical Complex in Khan Younis among them was journalist Hossam al-Masri. pic.twitter.com/hKlZGBIpoa
— Gaza Notifications (@gazanotice) August 25, 2025
O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, reviu em alta o número inicial de vítimas mortais, que subiu para 20, incluindo “cinco jornalistas” – em comparação com os quatro inicialmente relatados – “e um membro da Defesa Civil” de Gaza.
De acordo com as autoridades de saúde de Gaza, os outros quatro jornalistas mortos nestes ataques eram Mariam Abu Dagga, jornalista freelancer que trabalhava para vários meios de comunicação, incluindo para a AFP, Mohammed Salama, fotojornalista da Al Jazeera, Moaz Abu Taha, jornalista da rede NBC, e Ahmad Abu Aziz, jornalista que trabalhava para meios de comunicação palestinianos e internacionais.
Israel abre investigação a ataque
Para além dos cinco jornalistas mortos, Hatem Khaled, fotojornalista que trabalha para a agência Reuters, ficou ferido no ataque desta segunda-feira. Desde outubro de 2023 já morreram mais 244 jornalistas e profissionais da comunicação social, de acordo com Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos condenou Israel pelos ataques, afirmando que representam “uma guerra aberta contra os meios de comunicação livres, com o objetivo de aterrorizar os jornalistas e impedi-los de cumprir o seu dever profissional de expor os seus crimes ao mundo”.
O exército israelita confirmou que realizou um ataque na zona do hospital de Nasser e avançou que o chefe do Estado-maior ordenou uma investigação.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmam que “não têm jornalistas como alvo” e “lamentam qualquer dano a indivíduos não envolvidos” no conflito.
“As Forças de Defesa de Israel atuam para mitigar os danos a indivíduos não envolvidos tanto quanto possível, mantendo a segurança das tropas das IDF”, acrescenta.
Um ataque israelita levado a cabo na noite de 10 de agosto contra uma tenda utilizada por uma equipa de jornalistas na Cidade de Gaza matou quatro funcionários da Al Jazeera e dois freelancers, provocando indignação internacional, provocando indignação internacional.
“Estávamos dentro do hospital, apenas a fazer o nosso trabalho, diante da enorme escassez de equipamentos, ferramentas e medicamentos. E, enquanto todos faziam o seu trabalho, aconteceu este ataque massivo”, descreveu Saber al-Asmar, médio no hospital de Nasser, à Al Jazeera.
Al-Asmar diz que o ataque deixou os pacientes traumatizados e que estes estão a fugir do hospital com medo.
“Eu consigo ver o medo e o horror nos rostos desses pacientes que deveriam estar num lugar onde há proteção internacional”, disse.
O hospital de Nasser, situado em Khan Yunis, é o maior hospital do sul de Gaza. Esta não é a primeira vez que o hospital é alvo de ataques israelitas.
(com agências)