A professora Marilena Chaui retorna às livrarias com a obra inédita “Filosofia, um modo de vida” (Editora Planeta). O livro reúne textos nunca antes publicados e palestras produzidas ao longo de seis décadas de trajetória de uma das mais influentes pensadoras brasileiras. Nele, a autora defende a filosofia não apenas como disciplina acadêmica ou ofício intelectual, mas como uma forma de viver — capaz de influenciar decisões, escolhas e modos de agir no cotidiano.
Para Chaui, o pensamento filosófico não é algo que se possa desligar ao fim do dia de trabalho, tampouco esquecer como uma tarefa concluída. Ao contrário, trata-se de uma prática permanente, que acompanha cada pessoa. Por isso, poucos conseguem defini-lo em sua totalidade. “Desde Sócrates a escolha desse modo de vida não é algo que aconteça depois de realizado o percurso teórico, não vem depois de concluído o processo da atividade filosófica teorética, mas, ao contrário, esse modo de vida se encontra na origem do processo, é sua razão de ser”, escreve.
Ao longo da obra, a filósofa constrói um percurso argumentativo marcado por temas fundamentais: as belas-artes, a relação entre natureza e cultura, a técnica e a tecnologia, além de reflexões sobre ética e sobre a servidão voluntária. Sua proposta conduz o leitor a exercitar o rigor do pensamento, a articular argumentos lógicos e persuasivos e a compreender as relações entre linguagem e razão.
“A filosofia é um modo de vida que suscita uma maneira de pensar e uma maneira de falar que põem em ação a razão. Comunicativa, a filosofia é uma atividade racional expressiva cuja finalidade é tornar cada um melhor e, dessa maneira, tornar todos melhores”, afirma a autora.
Em “Filosofia, um modo de vida”, Chaui celebra o saber como busca incessante: questionar, interrogar, examinar origens, sentidos e finalidades. Com a mesma didática que marcou obras como Ideologia, ela apresenta aqui um livro indispensável tanto para leitores familiarizados com sua produção intelectual quanto para aqueles que desejam uma introdução clara — mas nunca superficial — ao campo filosófico.
Giovanna Gomes é jornalista e estudante de História pela USP. Gosta de escrever sobre arte, arqueologia e tudo que diz repeito à cultura e à história do ser humano.