Ao revisitar a trajetória dos Beatles nos anos 1960, o jornalista Callum MacHattie da Far Out resumiu bem um dilema inevitável para quem acompanha a história da banda: “sou fã dos Beatles que, em sua maioria, ouve as músicas de 1965 em diante. Acredito firmemente que o auge deles veio quando abraçaram o experimental, quando o estúdio deixou de ser uma simples parada e se tornou um verdadeiro hotel.”

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Esse período criativo, no entanto, custou caro: foi justamente quando os Fab Four decidiram abandonar de vez as turnês. Até 1966, o grupo vivia uma rotina insana de gravações intercaladas com apresentações lotadas ao redor do mundo. Mas o barulho ensurdecedor dos fãs, que tornava impossível ouvir a própria música no palco, começou a desgastar o quarteto. Ringo Starr chegou a admitir no documentário Anthology: “Em 1966 a estrada estava ficando muito chata. Ninguém estava ouvindo os shows. No começo tudo bem, mas estávamos tocando muito mal.”

Paul McCartney também relembrou o clima: “Sempre tentamos manter um pouco de diversão para nós mesmos. Mas até a América estava começando a cansar, por causa das condições de turnê e porque já tínhamos feito aquilo muitas vezes.”

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Foi nesse contexto que eles decidiram se aposentar dos palcos e mergulhar de cabeça no estúdio, decisão que mudaria a história da música. Ainda assim, até esse ponto, poucos artistas tiveram o privilégio de abrir shows para os Beatles — e apenas um grupo feminino conquistou esse espaço: The Ronettes.

Segundo MacHattie, “em meio a um cenário musical ainda marcado pelo machismo, apenas uma formação feminina teve a chance de dividir a estrada com eles.” O trio de garotas liderado por Ronnie Spector acompanhou os Beatles em 14 datas da turnê norte-americana de 1966, pouco antes de se separar no ano seguinte.

Com o hit imortal “Be My Baby”, as Ronettes não apenas marcaram época, mas também influenciaram os próprios Beatles. McCartney assumiu ter se inspirado diretamente no famoso drum intro da faixa para compor “What You’re Doing”.

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Produzida por Phil Spector, a canção é considerada um dos maiores exemplos da técnica do “wall of sound”, em que múltiplos instrumentos são sobrepostos para criar um efeito quase orquestral. Esse tipo de ambição sonora seria levado ao limite justamente pelos Beatles nos discos seguintes, já confinados ao estúdio.