Investigadores da Universidade de Surrey descobriram que a forscolina, um composto natural extraído de plantas, pode melhorar significativamente os resultados do tratamento da leucemia mieloide aguda com rearranjo KMT2A, uma forma particularmente agressiva da doença
Uma descoberta revolucionária da Universidade de Surrey pode transformar o tratamento de um dos tipos mais agressivos de leucemia. A investigação, publicada no British Journal of Pharmacology, revela que a forscolina, um composto natural de origem vegetal, não só inibe diretamente o crescimento das células leucémicas, como também potencia a ação dos medicamentos quimioterápicos.
A equipa de investigação identificou que a forscolina atua através da ativação da Proteína Fosfatase 2A (PP2A) e interrompe a expressão de vários genes promotores do cancro, nomeadamente MYC, HOXA9 e HOXA10. Este composto demonstrou particular eficácia no tratamento da leucemia mieloide aguda com rearranjo KMT2A (KMT2A-r AML).
Um dos achados mais surpreendentes do estudo foi a capacidade da forscolina em aumentar significativamente a sensibilidade das células KMT2A-r AML à daunorrubicina, um medicamento quimioterápico padrão. Este efeito ocorre através do bloqueio da glicoproteína-P1, uma proteína que permite às células cancerosas expulsar os medicamentos quimioterápicos, causando resistência ao tratamento.
Maria Teresa Esposito, investigadora principal do estudo e professora de Bioquímica na Universidade de Surrey, destaca que a forscolina apresenta um duplo mecanismo de ação, combinando efeitos anti-leucémicos diretos com a capacidade de potenciar a quimioterapia convencional. Esta descoberta pode permitir a redução das doses de quimioterapia necessárias, minimizando os efeitos secundários associados aos tratamentos da leucemia mieloide aguda.
Simon Ridley, Diretor de Investigação da Leukaemia UK, organização que financiou o estudo, enfatiza o compromisso da instituição com a investigação inovadora e destaca a importância desta descoberta para o objetivo de duplicar a taxa de sobrevivência a cinco anos em doentes com leucemia mieloide aguda na próxima década.
O estudo resultou de uma colaboração internacional entre investigadores da Universidade de Surrey, Universidade de Roehampton, Instituto do Cancro Barts-Universidade Queen Mary de Londres, Instituto Great Ormond Street de Saúde Infantil de Londres-UCL e o Centro de Regulação Genómica de Barcelona.
Referência: British Journal of Pharmacology
‘Exploiting PP2A dependent and independent effects of forskolin for therapeutic targeting of KMT2A (MLL)-rearranged acute leukaemia’
Yoana Arroyo-Berdugo, Antonella Di Mambro, Volker Behrends, Michelle A. Sahai, Luca Cozzuto, Immacolata Zollo, Julia Ponomarenko, Owen Williams, John Gribben, Yolanda Calle, Bela Patel, Maria Teresa Esposito
First published: 20 August 2025 https://doi.org/10.1111/bph.70158
NR/HN/AlphaGalileo
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