Eu acabara de deixar a pensão onde dividia o quarto com Zé Celso, que cursava Direito e embalava o Teatro Oficina, e me instalara na Praça Roosevelt. Ali era o “fervo”. Vindo de Araraquara, onde o último bar fechava às 22 horas, aqui vivia nas Bocas do Luxo e do Lixo, para compensar. E esses foram os ambientes de meu primeiro livro Depois do Sol. O título foi dado pelo Roberto Freire, o psiquiatra do tesão e da Soma. O fotógrafo de moda e publicidade Apolo Silveira fez a capa, com uma foto sensual de Marilene, bailarina da TV Record, namorada do Solano Ribeiro, que produzia megashows de MPB.

Recusado por 13 editoras, Caio Graco, da Brasiliense, ousou publicar. O livro saiu. Então precisava vender. Apolo teve uma ideia, me disse: “Amanhã, saia do seu prédio na Roosevelt, pegue à direita, entre no terceiro prédio, suba à Standard Propaganda, procure Roberto Duailibi, é um gênio, deve ter sua idade, diga que é meu amigo, mostre o livro, pergunte como vender”.

Tínhamos, Duailibi e eu, diferença de um ano de idade. Ele me mandou voltar em dois dias. Voltei, ele me entregou um pacote de cartazes feitos por ele. Com a frase: “Antes de falar mal do Loyola, leia este livro. Depois fale… se conseguir”. Eu era tímido, mas fui. Os livreiros rechaçaram: “Menino! Pensa que livro é produto como banana, quiabo?”.