A Comissão Europeia concedeu autorização de comercialização para a injecção semestral de lenacapavir, da biotecnológica Gilead Sciences. É uma nova janela para a prevenção da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).

O medicamento, conhecido cientificamente como lenacapavir, será vendido na Europa sob a marca Yeytuo. Já em Junho tinha sido aprovado nos Estados Unidos, onde é comercializado com o nome Yeztugo.

A aprovação da Comissão Europeia aplica-se à utilização do medicamento nos 27 Estados-membros da União Europeia, bem como na Noruega, Islândia e Liechtenstein. Antes de o medicamento ser disponibilizado aos pacientes, a Gilead definirá os preços e as condições de reembolso junto dos sistemas de saúde de cada país.


No caso dos Estados Unidos, o preço de tabela do Yeztugo é superior a 28 mil euros por ano (ou seja, cerca de 24 mil euros). Algumas seguradoras norte-americanas estão a adiar a cobertura da nova injecção, alegando o preço elevado em comparação com os comprimidos genéricos que também previnem a infecção por VIH.


Segundo as projecções da London Stock Exchange Group, o medicamento terá vendas superiores a 3400 milhões de euros por ano até 2029.

A Comissão Europeia aprovou este medicamento para profilaxia pré-exposição (PrEP) para reduzir o risco de VIH sexualmente adquirido em adultos e adolescentes com risco acrescido de contrair o vírus mortal.

O lenacapavir demonstrou ser quase 100% eficaz na prevenção do VIH em grandes ensaios clínicos cujos resultados foram publicados no ano passado, renovando a esperança de interromper a transmissão do vírus que infecta 1,3 milhão de pessoas por ano.


A Gilead afirmou, em comunicado, que o seu pedido na União Europeia foi analisado através de um processo acelerado e recebeu um ano adicional de protecção de mercado – antes de estar disponível para a formulação de genéricos.

Além dos Estados Unidos e da União Europeia, a empresa adianta que também pediu avaliação regulatória para o lenacapavir semestral junto das autoridades de África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá e Suíça. Em preparação estão também pedidos a Argentina, México e Peru.

Em Julho, a Organização Mundial da Saúde recomendou o lenacapavir como uma opção adicional de PrEP para a prevenção do VIH.


A Gilead acrescentou que pretende avançar com pedidos de avaliação junto às autoridades em países com rendimentos baixos e médios, incluindo pedidos prioritários em 18 países que representam 70% do peso do VIH em todo o mundo.

A empresa planeia, juntamente com o Fundo Global de Combate à Sida, Tuberculose e Malária, dar o lenacapavir até dois milhões de pessoas em países pobres ao longo de três anos.