O executivo liderado por Benjamin Netanyahu vai esta terça-feira debater qual será o grau da próxima intervenção militar em gaza. Nas ruas, vão multiplicar-se as manifestações em favor do regresso dos reféns.

epa12255995 A general view of a plenary session to vote on a bill for applying Israeli sovereignty over the West Bank territory, at the Knesset, the Israeli parliament, in Jerusalem, 23 July 2025. The bill, submitted by the Religious Zionist Party, calls for the imposition of Israeli sovereignty over the occupied West Bank, and the use of ‘Judea and Samaria’ instead of West Bank in Israel’s legislation. EPA/ABIR SULTAN

26 Agosto 2025, 07h00

Mais um dia de intensa atividade governamental em Israel, com o executivo liderado por Benjamin Netanyahu a debater esta terça-feira o plano de intervenção em Gaza – mais especificamente na Cidade de Gaza, que deverá ser tomada pelo Exército de Defesa de Israel (IDF) nos próximos dias. Os analistas querem acreditar que o plano de cessar-fogo que está em cima da mesa, à espera de uma resposta do governo israelita, também será debatido. Sendo certo que a ala extremista e dos ultra-radicais religiosos, que Netanyahu teve de convidar para o governo para encontrar uma maioria (mais ou menos) estável que lhe permita governar, é contrária a qualquer negociação com o Hamas. De qualquer modo, alguns analistas dizem que o tema será abordado e que Netanyahu responderá – não abrindo mão do que já disse antes: qualquer cessar-fogo só será analisado se o Hamas aceitar libertar de imediato todos os reféns.

O primeiro-ministro sabe que, quando começar o debate, as ruas das principais cidades podem estar cheias de manifestações que pretendem impor a sua recusa em aceitar a política militar do governo. Sensíveis à possibilidade de os talvez 20 reféns que restam vivos deixarem de o estar se os militares avançarem sobre a Cidade de Gaza, os diversos movimentos que têm por base a defesa dos reféns e dos seus familiares querem parar com a guerra. O Ocidente tende a confundir estas manifestações com apelos à paz em Gaza – ora, não é nada disso que acontece: as manifestações pretendem que o governo encontre uma forma de captar os reféns, mas os manifestantes, dizem os analistas, estão muito confortáveis com uma eventual erradicação dos palestinianos do enclave – e se essa erradicação puder estender-se à Cisjordânia, melhor ainda.

Único elemento que destoa, o chefe do Estado-Maior das IDF, o tenente-general Eyal Zamir, disse que há um “acordo sobre a mesa” para os reféns que restam em Gaza e que os militares criaram as condições para um acordo, que agora está nas mãos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A proposta mais recente, de mediadores do Egito e do Qatar, é baseada na proposta apresentada pelo enviado dos EUA, Steve Witkoff, em junho – o que faz com que o seu postulado esteja em linha com aquilo que Washington está disponível para acompanhar. A proposta implica que o Hamas libertasse cerca de metade dos reféns em duas rondas durante uma trégua inicial de 60 dias. Também haveria negociações sobre um cessar-fogo permanente. Netanyahu disse que Israel só aceitaria um acordo se “todos os reféns fossem libertados de uma só vez”.

Zamir argumenta contra a ocupação em grande escala da Cidade de Gaza, citando temores de colocar em risco a vida de reféns e atolar um exército exausto na Cidade de Gaza. A ofensiva deslocaria à força um milhão de pessoas da Cidade de Gaza para campos no sul do enclave, mas Israel não forneceu um cronograma exato de quando as suas tropas entrariam na Cidade de Gaza. Netanyahu quer toda a cidade sob ocupação israelita a partir de 7 de outubro.

Entretanto, os jornais israelitas adiantam que Israel ofereceu os seus préstimos ao governo do Líbano para o auxiliar a desarmar o Hezbollah – o grupo xiita que tem a sua base naquele país vizinho de Israel. O governo sabe – aliás, como o governo israelita também sabe – que, se aceitar a proposta, lançará o país no caos, dado que o movimento apoiado pelo Irão não terá dificuldade em convencer os libaneses de que estaria em curso uma invasão hebraica.