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O custo do alojamento estudantil em Portugal continua a atingir valores inéditos e preocupantes. De acordo com dados do Observatório do Alojamento Estudantil, citados pelo Correio da Manhã, o preço médio de um quarto a nível nacional é atualmente de 415 euros, mas em Lisboa os valores chegam a ser incomportáveis para muitas famílias, ultrapassando os 700 euros mensais.

A capital portuguesa concentra mais de metade da oferta nacional de quartos disponíveis para arrendamento — 2768 dos 5514 contabilizados em julho —, mas também os preços mais elevados: em média, 500 euros por mês, com casos que atingem os 714 euros. O Observatório alerta ainda para situações em que as condições oferecidas ficam muito aquém do aceitável, incluindo divisões com camas em excesso e até marquises adaptadas a quartos.

O problema, contudo, não se restringe a Lisboa. No Porto, o valor médio ronda os 400 euros, em Faro chega aos 380 euros e nas regiões autónomas os custos são igualmente elevados: no Funchal, um quarto custa em média 465 euros e em Ponta Delgada cerca de 400 euros. Estes preços são considerados proibitivos por associações estudantis e constituem um sério entrave para famílias de classe média e baixa que procuram garantir o acesso dos filhos ao ensino superior.

O Governo tem previsto o reforço da rede de residências universitárias, com a criação de mais duas mil camas até setembro. Contudo, os dirigentes estudantis consideram esta medida insuficiente face à dimensão do problema. O presidente da Federação Académica de Lisboa, Pedro Neto Monteiro, afirmou ao Correio da Manhã que “uma família terá certamente muita dificuldade em que os filhos estudem”, sublinhando a pressão acrescida que as rendas representam para os agregados familiares.

A crise no alojamento estudantil poderá mesmo estar a ter reflexos diretos no número de candidatos ao ensino superior. Este ano, a primeira fase do concurso nacional contou com menos nove mil candidatos face a 2024. Para muitos dirigentes associativos, esta quebra poderá estar ligada precisamente ao aumento dos custos da habitação estudantil, que afasta potenciais alunos de prosseguir estudos em instituições longe das suas residências habituais.