Norte-americanos e europeus andam num frenesim para cá e para lá em discussões cruciais que podem mudar o fim da guerra. Isto é o que já saiu das complexas negociações
Soldados norte-americanos na Ucrânia está fora de questão, mas isso não quer dizer que os Estados Unidos não vão ajudar na resistência ucraniana quando chegar uma fase pós-guerra com a Rússia.
E é por isso que os Estados Unidos estão preparados para fornecer recursos para recolha de informações secretas e até apoio para batalha. Essa será uma condição de qualquer plano ocidental a aplicar no minuto a seguir ao fim da guerra e uma parte essencial das garantias de segurança que os aliados querem dar a Kiev.
A informação é avançada pelo Financial Times, que cita fontes europeias e ucranianas, referindo que o objetivo também passa por haver um papel dos Estados Unidos no escudo aéreo que vai proteger a Ucrânia no futuro.
Essa mesma informação foi posta em cima da mesa pelo presidente dos Estados Unidos, quando Donald Trump recebeu os líderes europeus na Casa Branca, numa reunião que serviu para coordenar as garantias de segurança.
Desde então, e comprovando o que Donald Trump já tinha dito aos aliados, responsáveis norte-americanos disseram aos congéneres europeus que os Estados Unidos estão preparados para contribuir com “desbloqueador estratégicos”. E é nesse pacote que cabem as garantias sobre informações secretas, vigilância e reconhecimento. Mas também cabem o controlo e comando da defesa aérea de todos os equipamentos que a Europa decida destacar para o terreno.
Essa defesa caberá à chamada coligação dos países dispostos, liderada por Reino Unido e França, que defende um plano para uma Ucrânia pós-guerra, e que admite colocar soldados no terreno como forma de dissuasão à Rússia.
De resto, e sempre segundo o Financial Times, os responsáveis europeus fizeram saber que apenas com um destacamento de meios norte-americanos – mesmo que apenas em lógica de monitorização – é que soldados do Velho Continente podem vir a pisar terreno ucraniano.
E se é verdade que na Ucrânia já existem os famosos sistemas Patriot, que garantem boa parte da defesa aérea, também o é que o apoio pós-guerra pede mais do que isso. Pede, segundo os responsáveis, o envolvimento de aviões norte-americanos, logística e até apoio terrestre com radares, além das garantias de que será permitido espaço aéreo interdito com controlo europeu. É também aí que funcionará o escudo aéreo.
Só essa brutal capacidade dos Estados Unidos de obter informações, vigiar o terreno e coordenar todas as operações é que permite um controlo eficaz de um cessar-fogo.
Mas se os Estados Unidos vão garantir a proteção das tropas europeias, isso não vai acontecer sem nada em troca. Com efeito, Washington, DC quer que estas garantias sejam coadunáveis com uma resposta europeia, nomeadamente o destacamento de tropas. Dezenas de milhares de soldados, mais precisamente, de acordo com a informação recolhida pelo jornal britânico.
Mesmo que com Donald Trump não se possa contar a 100% com as coisas até que elas aconteçam, esta concessão dos Estados Unidos já é uma clara evolução da posição inicial, que excluía qualquer tipo de participação norte-americana na ajuda a dar à Ucrânia.
Em parte, isso deveu-se à pressão europeia sobre os responsáveis norte-americanos, que durou meses e meses. Além disso, e depois de inicialmente parecer estar mais inclinado para o lado da Rússia, Donald Trump tem equilibrado a balança, tecendo até ameaças a Vladimir Putin.
Por agora, ficamos por aqui: tropas não, ajuda sim. E isso já é um avanço.