Durante meses, Caroline Darian apoiou a mãe, Gisèle Pelicot, enquanto o pai era julgado e, mais tarde, condenado por drogar a mulher e permitir que dezenas de homens a violassem ao longo de uma década.

De acordo com o site People, Caroline Darian, de 46 anos e a mãe, de 72, que se tornou um ícone feminista pela coragem de denunciar o que sofreu e enfrentar os agressores, cortaram relações, contou Caroline numa entrevista ao The Telegraph.

“A minha mãe não é um ícone. Não para mim”, afirmou. A filha diz estar revoltada pelo facto de a mãe não acreditar nas suas acusações de que também foi drogada e violada pelo pai, Dominique Pelicot, apesar de ter estado anos a apoiar a mãe. “E isso nunca lhe perdoarei, nunca”, acrescentou.

Em 2024, o pai e marido, de 71 anos, foi condenado por violação agravada e outros crimes, depois de admitir em tribunal que drogava Gisèle com comprimidos para dormir, entre 2011 e 2020, permitindo que dezenas de homens a agredissem sexualmente. Foi sentenciado a 20 anos de prisão.

Outros 50 homens foram também condenados por violação agravada e outros crimes relacionados com o caso chocante. Tinham idades entre os 26 e os 74 anos e receberam penas de três a 13 anos de prisão, num total de mais de 400 anos de condenação, segundo o site People.

O esquema foi descoberto no outono de 2020, quando a polícia apreendeu o telemóvel e o computador de Dominique, após ser acusado de filmar por baixo das saias de três mulheres em supermercados. Entre os 20 mil registos explícitos encontrados, havia vídeos e fotos de Gisèle a ser agredida sexualmente.

Para choque das autoridades, foram ainda descobertas imagens de Caroline a dormir, incluindo fotos nua e em roupa interior que nem sequer lhe pertencia. Dominique foi também condenado por tirar fotografias à filha sem o seu consentimento.

De acordo com a revista People, Caroline contou ao The Telegraph que a relação com a mãe se desfez durante o julgamento, quando Gisèle a repreendeu por “se estar a exibir” depois de, na audiência, ter gritado para o pai: “Vais morrer sozinho como um cão na prisão!”, no momento em que foi lida a sentença.

Em 2022, Caroline publicou um livro sobre o caso, intitulado como “And I Stopped Calling You Papa” (E eu deixei de te chamar de papá).