Uma delegação composta por representantes de 44 países. No próximo domingo, dia 31 de agosto, várias embarcações da Flotilha Global Sumud partem rumo à Faixa de Gaza desde o porto de Barcelona, em Espanha. A bordo estarão a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a ativista sueca, Greta Thunberg, a atriz Sofia Aparício, entre outros políticos e nomes da cena cultural internacional.
A Flotilha Global Sumud explica no seu site que é uma frota “coordenada, não violenta e composta por pequenas embarcações” que pretendem “quebrar a ocupação ilegal e o cerco em Gaza”. Define-se como sendo “uma coligação diversa de participantes internacionais” e diz que “cada barco representa a comunidade e a recusa de ficar calado frente ao genocídio”.
Os barcos tentarão levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Em termos mediáticos, a iniciativa também pretende sensibilizar a comunidade internacional para o “genocídio” que os organizadores dizem estar em curso no enclave palestiniano.
A 11 de agosto, num vídeo nas redes sociais em que anunciou que participaria nesta iniciativa, Greta Thunberg esclareceu que seria lançada “a maior tentativa de quebrar o cerco ilegal de Israel sobre Gaza com dezenas de barcos que partirão desde Espanha”. Os organizadores pretendem “confrontar o bloqueio” de Israel e ultrapassar os obstáculos que teriam por via terrestre e aérea.
No início de junho, já tinha havido uma iniciativa semelhante que também contou com Greta Thunberg a bordo. Algumas embarcações com ajuda humanitária tentaram chegar a Gaza, mas acabaram desviados pelas autoridades israelitas. A ativista sueca acabou mesmo por ser deportada.
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No site, a Flotilha Global Sumud refere que a ajuda que chega a Gaza por via aérea e terrestre muitas vezes não chega ao local e é restringida. “Pelo mar, ultrapassamos esses sistemas e confrontamos o bloqueio. Esses barcos não carregam ajuda; carregam uma mensagem: o cerco deve acabar.”
Os barcos são, geralmente, de pequenas a médias dimensões, como era o Madleen, que chegou a águas israelitas no início de junho. Estas embarcações são “ágeis e difíceis de intercetar”, contrariamente a cruzeiros ou navios maiores. À luz do Direito Internacional, a Flotilha garante que também existe base legal para que circulem em águas internacionais.
“Barcos grandes são caros, mais vulneráveis à pressão burocrática e mais lentos a serem mobilizados”, lê-se no site da Flotilha Global Sumud, que sublinha que usa um “modelo descentralizado” com “centenas de pequenos barcos”. Ainda assim, a organização não descarta, se se alinhar com “a missão”, que haja navios maiores, mas prefere focar-se na “escala, velocidade e estratégia”.
Cada pequena ou média embarcação é supervisionada por “delegação regional com apoio legal, náutica e logístico”. Para a organização, isso cria “resistência, distribui responsabilidade e amplifica a liderança distribuída”.
Os organizadores da Flotilha Global Sumud garantem que cumprem todos os parâmetros legais à luz do Direito Internacional: “Os navios civis que ou carregam ajuda humanitária ou estão envolvidos em protestos pacíficos em águas internacionais estão protegidos sob o Direito Marítimo Internacional”. Isso não significa a total imunidade jurídica, ainda assim. Caso se envolvam ações ilícitas ou representem perigo para terceiros, podem ser apreendidos ou alvo de intervenção.
A organização reconhece que existem “riscos”, mas frisa que compensam o facto de “Israel estar a levar a cabo um genocídio com impunidade”. A Flotilha Global Sumud reconhece também que Telavive tem uma “história de usar a força contra flotilhas internacionais”, recordando que apreendeu vários navios que chegaram à costa de Gaza em meados de junho.
Os organizadores salientam, ainda assim, que “pretendem reduzir o custo político de qualquer agressão”, preparando-se juridicamente para esse efeito. Além disso, os participantes serão sujeitos a formações de segurança não violentas. A mensagem é que os riscos que podem enfrentar são, ainda assim, “pequenos em comparação com o que os palestinianos enfrentam todos os dias: fome, deslocações e bombardeamentos”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu, porém, que o Governo português tem a obrigação legal e moral de usar “todos os instrumentos” para garantir que a Flotilha Humanitária “chega a Gaza em segurança e consegue entregar ajuda humanitária” na Faixa de Gaza.
Mariana Mortágua enfatizou que “o Governo português tem a obrigação moral, mas também legal, de usar todos os esforços e todos os instrumentos para garantir que estes barcos chegam em segurança e conseguem entregar ajuda humanitária em Gaza”.
Ainda não são conhecidos todos os nomes que embarcarão na missão. A delegação portuguesa contará com a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.
Estarão também ativistas, médicos, políticos, eurodeputados e figuras do meio artístico — como a atriz Susan Sarandon ou os atores Liam Cunningham, Mark Ruffalo e Gustaf Skarsgård. Greta Thunberg será um dos rostos mais conhecidos a bordo de um dos navios.