“Sim, entraram” neste território, onde “os combates prosseguem”, revelou à AFP Viktor Tregubov, porta-voz das forças ucranianas para a região.
O mesmo responsável acrescentou à BBC que, “este é o primeiro ataque de tão grande escala na região de Dnipropetrovsk“, embora tenha deixado claro que o seu avanço tinha sido interrompido.
A região de Dnipropetrovsk não é uma das cinco regiões ucranianas que Moscovo afirma anexar, nomeadamente Donetsk, Kherson, Luhansk, Zaporizhzhia e Crimeia.
O grupo Dnipro do exército ucraniano, responsável por esta área, garantiu na terça-feira que tinha “interrompido o avanço dos invasores russos” pouco depois de estes terem entrado na região de Dnipropetrovsk vindos de Donetsk, mais a leste.
No início de junho, as autoridades russas disseram que tinha começado uma ofensiva em Dnipropetrovsk, embora os últimos relatórios ucranianos sugiram que mal conseguiram romper a fronteira regional.
Kiev tinha anteriormente negado qualquer penetração de tropas russas na região.
O exército russo, que ocupa cerca de 20 por cento da Ucrânia, a leste e a sul, acelerou o seu avanço terrestre nos últimos meses, face às unidades ucranianas em menor número e menos bem equipadas.
Antes da guerra, Dnipropetrovsk tinha uma população de mais de três milhões de habitantes e era o segundo maior centro de indústria pesada da Ucrânia, a seguir ao Donbass, que abrange as regiões de Donetsk e Luhansk.
Moscovo não reivindicou Dnipropetrovsk, ao contrário de Donetsk e das outras quatro regiões orientais da Ucrânia, mas atacou as suas grandes cidades, incluindo a capital regional, Dnipro. Um ataque ocorrido durante a noite de quarta-feira teve também como alvo o setor energético da região vizinha de Poltava.
Embora as forças russas tenham progredido lentamente na captura de territórios e sofrido um número muito elevado de baixas, obtiveram ganhos recentes em Donetsk.
O site de mapeamento militar online DeepState, próximo do exército ucraniano e amplamente monitorizado, noticiou na terça-feira a ocupação de duas aldeias próximas das regiões de Zaporizke e Novohryhorivka.
No entanto, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia negou que tal tenha ocorrido. Os militares “continuam a controlar” Zaporizke, afirmou em comunicado, e “estão também em curso hostilidades na zona da aldeia de Novohryhorivka”.
Tentativa de Trump para a paz está a enfraquecerQualquer avanço russo em território ucrâniano é um golpe para a moral de Kiev, uma vez que a tentativa diplomática liderada pelos EUA de pôr fim à guerra parece estar a enfraquecer, apesar do encontro do presidente norte-americano Donald Trump com o presidente russo Vladimir Putin no Alasca.
Os progressos russos surgem numa altura em que o presidente dos EUA, Donald Trump anunciou planos para um encontro entre os seus homólogos russos, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Mas Moscovo afastou qualquer encontro imediato entre os dois.
O Kremlin exige que a Ucrânia se retire de certos territórios que ainda controla parcialmente, nomeadamente a região de Donetsk, como pré-condição para o cessar das hostilidades. Kiev rejeita esta ideia.
Putin terá dito a Trump que estaria disposto a terminar a guerra se a Ucrânia entregasse as zonas da região de Donetsk que ainda controla, mas muitos ucranianos acreditam que o líder russo tem outros planos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, insistiu que “a agenda [para uma cimeira] não está pronta” e que não foi planeada nenhuma reunião.
Afirmou ainda que qualquer discussão sobre futuras garantias de segurança sem o envolvimento russo era “inútil”, embora tal fosse inviável para o Ocidente.
O coronel Pavlo Palisa, vice-chefe do gabinete presidencial em Kiev, avisou os repórteres nos EUA em junho que o Kremlin queria ocupar toda a Ucrânia a leste do rio Dnipro, que atravessa a Ucrânia ao meio.
Já a responsável pela política externa da União Europeia, Kaja Kallas, alertou ainda que entregar território ucraniano à Rússia como parte de um acordo de paz era “uma armadilha”. “Estamos a esquecer-nos que a Rússia não fez uma única concessão e que são eles os agressores aqui”, disse à BBC.
Na noite de terça-feira, o enviado dos EUA, Steve Witkoff, disse à Fox News que se iria reunir com as autoridades ucranianas em Nova Iorque ainda esta semana e que “falamos com os russos todos os dias”.
O presidente Zelensky, por seu lado, instou os seus aliados ocidentais a intensificarem os esforços para chegar a um acordo sobre as futuras garantias de segurança em caso de acordo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Friedrich Merz, afirmou na terça-feira que as garantias de segurança para a Ucrânia permitiriam, antes de mais, ao exército ucraniano defender o seu país a longo prazo.
Merz disse que Zelensky deixou claro que estava pronto para falar com Putin e que agora era a vez de Moscovo: “Se o presidente russo estiver a falar a sério sobre pôr fim à matança, aceitará a oferta.”
Mais de cinco milhões de homens ucranianos vivem no estrangeiroA Ucrânia anunciou que os homens dos 18 aos 22 anos podem viajar para o estrangeiro, flexibilizando uma lei que exigia autorização para todos os que tivessem até 60 anos.
A primeira-ministra Yulia Svyrydenko disse que a mudança também se aplica àqueles que estão atualmente noutros países – o que significa que agora podem regressar à Ucrânia e voltar a sair se assim o desejarem.
Um número crescente de pais ucranianos está a enviar adolescentes para o estrangeiro antes de completarem 18 anos. “Queremos que os ucranianos mantenham os seus laços com a Ucrânia o mais possível”, disse Svyrydenko.
Os homens dos 18 aos 22 anos não estão sujeitos ao recrutamento militar, que tem uma idade mínima de 25 anos depois de ter sido reduzido no ano passado.
Estima-se que 5,6 milhões de homens ucranianos vivam atualmente no estrangeiro.
c/ Agências