Junto ao Tejo, entre edifícios degradados e outros já demolidos no percurso do Cais do Ginjal, destaca-se uma construção imponente. Virado para Lisboa, é um dos poucos espaços reabilitados da zona. A estrutura, com aparência de casa, distingue-se da paisagem envolvente e remete para o interior de uma revista de design.

“Toda a gente pergunta como estamos ali ou, simplesmente, o porquê deste sítio”, diz Sandra Nascimento, fundadora da SAL Home & Living, marca que completa 10 anos. Mais do que uma loja de decoração, o projeto atua também no design de interiores e home styling.

Com a reabertura do Cais do Ginjal, depois de três meses encerrado, reabriram também as portas do showroom TLC x SAL — ou showhouse, como prefere chamá-lo. É lá que Sandra representa, em exclusivo para Portugal, a marca de sofás estofados TLC Home. O espaço está distribuído por dois pisos, com vários ambientes decorativos.

Antes de se dedicar à decoração, Sandra teve uma longa carreira como designer editorial. Foi diretora de arte em publicações como “Casa Claudia”, “Cosmopolitan”, “GQ” e “Urbana”. Nessas experiências começou a criar produções visuais e a fazer home styling em casas que iam ser fotografadas. “Sem querer, porque na altura não imaginei que algum dia ia fazer disto a minha vida, comecei a notar que tinha muito sentido estético”, conta.

Em 2015, perante a crise na imprensa, decidiu mudar de rumo. “Já não me sentia muito ligada a projetos editoriais”, confessa. Nesse mesmo ano, nasceu a SAL. Começou numa loja no Cais do Sodré, partilhada com outro negócio. “Tinha um mundo lá dentro e passava ali muita gente de inúmeros países”, recorda.

A pandemia obrigou a nova adaptação. A parceria chegou ao fim e a SAL passou a funcionar em nome próprio. Foi também nessa fase que se criou o site da marca e surgiu o convite para o primeiro projeto de interiores.

Atualmente, o projeto está dividido em três frentes: loja online, home styling – que envolve projeto, compras, transporte e instalação – e a showhouse, que está aberta mediante marcação.

Fica junto ao Tejo.

A ideia de criar a showhouse partiu de um convite da TLC Home, proprietária da casa inabitada onde funciona o espaço. Em tempos, o edifício serviu como estúdio cultural. Com o avançar da pandemia, o estado de degradação era visível e optaram por reabilitar o imóvel para o tornar num espaço expositivo do trabalho das duas marcas.

Com cerca de 300 metros quadrados e dois andares, o local inclui um terraço e um pequeno bar, ideal para receber eventos, exposições ou aniversários de marcas. “É uma forma de as pessoas verem toda a decoração, todas as peças num sítio. Não é uma loja, mas um ambiente. Aliás, vários ambientes que as lojas não têm”, explica Sandra. Tudo o que ali está exposto, dos quadros aos candeeiros, foi selecionado por si.

Um dos pontos fortes da exposição é a possibilidade de personalizar todos os elementos. Os sofás podem ser adaptados em tamanho ou cor, e os tecidos estão disponíveis em catálogo para consulta no local.

Além da TLC Home, a SAL Home & Living representa marcas internacionais como a francesa Élitis, especializada em papéis de parede, ou a catalã Dareels, com uma linha de mobiliário sustentável. Há ainda marcas portuguesas como a Tinto Torto e a Studio Silva.

A personalização é também central nos projetos de interiores. “Geralmente, as pessoas chegam ao pé de mim, indicam o budget e as características do espaço que têm e uso todas as marcas dentro do meu portefólio de fornecedores. O segredo é saber ler o cliente, aquilo que quer e aquilo que precisa.”

O processo arranca com o preenchimento de um formulário online. Depois, é marcada uma reunião na showhouse de Cacilhas, onde são analisadas fotografias, plantas e outros elementos do espaço. Sandra propõe uma solução e desenvolve o projeto “até tudo estar fechado e impecável”, acrescentando: “com flores, se possível”.

Sugere peças de arte, pinturas e outras soluções para fugir aos tons neutros que dominam muitas casas. “Pôr arte na vida das pessoas é o que diferencia. No fundo, vou olhando para o cliente e ver até onde o consigo levar. Misturo todas as marcas que gosto.”

Personaliza também mobiliário. Está, por exemplo, a desenvolver uma mesa de jantar à medida para uma casa em São Bento, por ser a única solução possível para aquele espaço. “Todos os projetos são importantes e desafiantes”, afirma. “Tem de haver muito feeling. Não posso entrar a marcar e dizer que não gosto de um móvel ou que um candeeiro não fica bem. Não há uma casa igual. Enquanto umas precisam de umas coisas, outras exigem cuidados diferentes.”

As casas mais pequenas, admite, podem ser mais exigentes. Requerem maior atenção à funcionalidade, algo que as áreas amplas nem sempre impõem.

“Entrar na casa dos outros é complicado”, mas, no final, fica muitas vezes uma relação de amizade. “Um bom sofá, por exemplo, é muito importante porque é o momento em que as pessoas se sentam, descansam e se lembram de mim.”

Em dez anos, a marca passou por várias fases. A principal transformação ocorreu com a mudança de nome: de SAL Concept Store para SAL Home & Living, assinalando, desde 2021, o foco no styling e nos projetos de interiores.

O nome manteve-se simples e curto, como tinha sido pensado em 2015. “Adoro tudo o que está ligado ao mar, queria algo relacionado com isso e o sal sempre foi um produto muito valioso. Antigamente, era considerado uma moeda de troca.”

Para os próximos anos, Sandra gostava de trabalhar mais nos Açores, onde tem uma casa. O objetivo passa por colaborar com clientes da região e desenvolver projetos de consultoria no arquipélago.

Ainda assim, mantém a mesma filosofia: “Levo a vida com base na ideia do let it flow. Não gosto de dar passos maiores do que a perna, porque estou sozinha. Tenho de ter muito critério nas escolhas que faço.”

Além da loja online, a SAL tem o showhouse aberto por marcação. Às sextas-feiras está aberto das 14 às 18 horas e aos sábados funciona das 12 às 18 horas.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua do Ginjal, 19
    2800-285 Lisboa
  • HORÁRIO
  • Sexta-feira das 14h às 18h
  • Sábado das 12h às 18h