O Benfica, quase sem férias, com meia equipa nova, e carregado de responsabilidades na fase inicial da época, passou com distinção no exame de admissão à fase regular da Liga dos Campeões, e, com isso, além do prestígio, arrecadou uma verba importante, logo se verá qual, (na época passada foram 70 milhões). Até agora são sete jogos sem sofrer golos, uma Supertaça, apuramento para a Champions, e pleno de vitórias na Liga.
Se tudo isto não for suficiente para calar os arautos da desgraça, tão certos estavam do insucesso da equipa de Bruno Lage que se esticaram para além do racional e diminuíram o Benfica, misturando, como é apanágio dos incautos, conjuntura com estrutura, não sei o que será. Ao dia de hoje, a equipa de Bruno Lage, em condições adversas, alcançou todos os objetivos.
Como já cá ando há muito tempo, e sei que o futebol, na paixão dos adeptos, é momento, não sou capaz de dizer por quanto tempo este estado de graça será prolongado. E também sei que a maneira como foi conduzida esta mini-pré temporada, de forma acelerada para produzir efeitos tão cedo quanto possível, traz associado um preço, que inevitavelmente irá ser pago daqui a alguns meses, algo que poderá ser minimizado através de uma assinalável profundidade do plantel. Quer isto dizer que o Benfica, agora com o conforto dos milhões de Nyon, tem alguns dias para finalizar os negócios que tem pendentes, e que poderão dar mais soluções a Bruno Lage num futuro próximo.
Akturkoglu até podia ter jogado esta eliminatória contra o Benfica…
Pois é: casas cheias por onde o Benfica tem passado, entusiasmo em torno da equipa, e uma situação de maior conforto para Rui Costa, que sem jogar esteve, fora das quatro linhas, no olho do furacão do processo pré-eleitoral, eis para já algumas conclusões possíveis, embora seja sabido que até 25 de outubro muita água correrá por baixo das pontes do Tejo.
Falemos estão de eleições: com o acesso do Benfica à fase regular da Liga dos Campeões, o próximo presidente, ganhou um alento e um músculo financeiro substancial. O facto da equipa de Bruno Lage ter colocado a mão no pote de ouro, permite à gestão do clube um desafogo (e até uma certa ousadia), impensável se estivesse a disputar a Liga Europa. Mas, entre os candidatos anunciados, um ganhou mais do que os outros, Rui Costa, porque foi graças à política desportiva que implementou que o Benfica conseguiu este arranque-canhão em 2025/26. Esta é uma verdade incontornável, mas está (a quase dois meses) longe de ser definitiva. De qualquer forma, Rui Costa foi o grande vencedor da noite de quarta-feira, pela aposta em Bruno Lage, pela contratação de verdadeiros reforços, e pelo equilíbrio financeiro que terá agora selado.
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Mas não nos desfoquemos de algumas verdades básicas do futebol, que vão subsistindo, a nível de grandes clubes, apenas em cinco emblemas ibéricos: os resultados desportivos são determinantes para os resultados eleitorais, e até ao último jogo antes da ida às urnas, todos influem na escolha de um candidato. Quer isto dizer, por exemplo, que se o Benfica não passar em Alverca, qual alcatruzes da nora, quem está por cima fica em baixo, e quem está em baixo sobe na hierarquia.
De qualquer forma, ao ver o Benfica qualificado para a fase regular da Liga dos Campeões, Rui Costa ganhou espaço no universo eleitoral encarnado. Entre esta conclusão e dizer que o atual presidente já ganhou as eleições, vai uma grande diferença. O fenómeno das eleições nos três grandes portugueses e nos dois grandes espanhóis, que são geridos segundo o modelo tradicional de «clube dos sócios», valeria, por certo, uma tese de doutoramento, tal a complexidade que apresenta e as variáveis que inclui.