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O NZ Super Fund, considerado o fundo soberano mais rentável do mundo nos últimos 10 e 20 anos, está a apostar que as ações europeias irão superar as norte-americanas na próxima década. A decisão reflete uma perda de confiança de alguns investidores globais na evolução de longo prazo das bolsas dos Estados Unidos.

Brad Dunstan e Will Goodwin, co-diretores de investimento do fundo neozelandês, com ativos de 76 mil milhões de dólares neozelandeses (cerca de 38 mil milhões de euros), revelaram ao ‘Financial Times’ que o mercado europeu representa atualmente a posição “overweight” mais significativa do fundo face à sua carteira de referência. O objetivo é posicionar-se taticamente nos mercados com maior potencial de valorização.

“Recentemente, estivemos short nas ações norte-americanas e long nas europeias, puramente com base na avaliação das ações”, explicou Dunstan, acrescentando que estas decisões são tomadas com uma perspetiva de dez anos. No final de junho, o fundo estava “overweight” em ações europeias em 2% e “underweight” em ações dos EUA em 3,5%, no âmbito do seu mandato de “tilting estratégico”, que permite expressar opiniões sobre preços de ações. Por motivos comerciais, o fundo não divulga a calendarização das posições tomadas.

A estratégia baseia-se na perceção de que as ações europeias – medidas pelo índice Stoxx Europe 600 – estão atualmente subvalorizadas, enquanto as norte-americanas se encontram sobrevalorizadas e, ao longo da próxima década, tenderão a perder esse prémio.

Nos últimos meses, o mercado europeu perdeu terreno face aos EUA, devido à redução das ameaças tarifárias mais radicais e à resiliência dos lucros das empresas americanas. Apesar disso, numa perspetiva de dez anos, o desempenho das ações norte-americanas superou amplamente o europeu, com o índice S&P 500 a valorizar mais de 310% em termos de retorno total, contra 115% do Stoxx Europe 600.

Segundo a plataforma Global SWF, o NZ Super Fund, que começou a investir em 2003 e conta com uma equipa de 79 profissionais em Auckland, tem registado retornos anualizados superiores a 10%, graças à assunção de risco calculado e a uma abordagem de “carteira total”, que permite aos gestores uma grande agilidade na gestão e alocação de ativos.

A preferência do fundo por investimentos na Europa estende-se também ao private equity. Goodwin destacou oportunidades em gestores mais jovens e ambiciosos, onde o NZ Super Fund pode ser um investidor relevante e estabelecer relações próximas com os gestores das empresas. Apesar de o private equity ser um componente necessário da carteira, apenas cerca de 5% do fundo está atualmente investido nesta classe de ativos, sem previsões de crescimento significativo.