O porta-voz do Kremlin veio, esta quarta-feira, reiterar a posição, vincando a “atitude negativa” do Kremlin em redor desse ponto das negociações. “De facto, desde o início, podemos atribuir o avanço da infraestrutura militar da NATO e a infiltração da infraestrutura militar da NATO na Ucrânia como causas que levaram à situação do conflito que temos agora”, clarificou Dmitry Peskov, que reagia a uma notícia do Financial Times, publicada na terça-feira, que detalhava algumas ideias dos países ocidentais para a colocação de tropas em território ucraniano — como o facto de os Estados Unidos oferecerem às mesmas a partilha de informações confidenciais e um escudo aéreo.

Para aceitar um cessar-fogo, o Presidente ucraniano tem exigido precisamente garantias de segurança robustas, de que faria parte a deslocação de tropas ocidentais para a Ucrânia. Os Estados Unidos terão acedido a este pedido — o que terá frustrado os dirigentes russos. Assim sendo, o ataque à delegação da União Europeia em Kiev poderá ter sido também uma forma da Rússia de amedrontar e intimidar os países europeus, caso o plano avance.

Em declarações ao Observador, Henrique Burnay, consultor de assuntos europeus, lembra também a reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia em Copenhaga, que começa esta quinta-feira — e em que se vão discutir as garantias de segurança para a Ucrânia. “Nas vésperas de os europeus discutirem sobre que garantias de segurança estão disponíveis para dar, a Rússia diz ‘Não se metam nisso’. ‘Se vocês se metem aqui, correm o risco de se meterem na lei da guerra’”, salienta, considerando que este é “um tiro de aviso” do Kremlin.

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Um coro de críticas formou-se após ter sido revelado que o edifício da delegação da União Europeia tinha sido atacado. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou o “ataque deliberado russo” e garantiu que a UE “não será intimidada”. “A agressão da Rússia apenas aumenta a nossa determinação em ajudar a Ucrânia e o seu povo”, disse.