A ministra da Administração Interna admitiu que “nem tudo correu bem” na gestão dos incêndios, mas recusou que tenha existido um colapso do sistema de combate aos fogos. Maria Lúcia Amaral anunciou que os bombeiros que combateram os incêndios deste Verão terão uma majoração de 25% na remuneração diária de 26 de Julho até meados de Setembro.
“Com esta dimensão de catástrofe é evidente que nem tudo correu bem e agora é tempo de compreender o que se passou e de avaliar”, assumiu a ministra, em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, durante uma visita aos Bombeiros Voluntários de Serpins, na Lousã. “Depois de termos sofrido tudo isto, é tempo de reconstruir, definir metas, olhar seriamente para os problemas e de ajudar” os afectados pelos fogos, considerou.
Sobre o sistema de coordenação dos incêndios da Protecção Civil, Maria Lúcia Amaral recusou que tenha existido um colapso, mas admitiu que “a análise crítica” sobre o sistema “estará sobre a mesa”. “O país respondeu de acordo com o sistema, que tem um desenho institucional, e como esta é a hora de compreender e de avaliar o que se passou, evidentemente a análise crítica sobre esse sistema institucional estará sobre a mesa”, assinalou.
Maria Lúcia Amaral avançou ainda que, “por resolução do Conselho de Ministros”, foi decidido que os bombeiros do dispositivo especial de combate aos incêndios rurais vão receber uma majoração de 25% na remuneração diária de 26 de Julho até 27 de Agosto, a qual “se prolongará por mais 15 dias”.
A governante reforçou ainda que o compromisso do executivo é definir o estatuto profissional para os bombeiros que têm um contrato de trabalho permanente com as associações humanitárias. “A preocupação e o reconhecimento profundo que temos perante os nossos bombeiros traduzir-se-á no compromisso que assumimos, e que consta do Programa do Governo, de definir o seu estatuto profissional para aqueles que têm um contrato de trabalho permanente com as associações humanitárias locais”, disse Maria Lúcia Amaral, sublinhando que a definição “rigorosa e justa do seu estatuto profissional será uma preocupação do Governo” ao longo dos próximos meses.
Quanto à proposta do PS para a constituição de uma comissão técnica independente — e que Hugo Soares, líder da bancada parlamentar, do PSD, já disse ver “com bons olhos” —, a ministra disse que o drama dos incêndios é, em parte, um problema que “nos transcende” e, por isso, “só quem sabe, quem estuda, quem tem a ciência, a técnica pode ajudar o poder político a enfrentar esse problema”. “Todo o contributo dos estudiosos” é “muitíssimo bem-vindo” para a “decisão política”, assegurou.