A resolução, redigida pelo França, foi adotada por unanimidade pelos 15 Estados-membros do Conselho de Segurança e renova o mandato da FINUL até 31 de dezembro de 2026.

O órgão da ONU “decide prorrogar pela última vez o mandato da FINUL (…) até 31 de dezembro de 2026 e iniciar uma redução e retirada ordenada e segura a partir de 31 de dezembro de 2026 e no prazo de um ano”.



O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, que tinha pedido a renovação, saudou o prolongamento da missão, referindo que “reitera o apelo para que Israel retire as suas forças dos cinco locais que continua a ocupar e afirma a necessidade de estender a autoridade estatal sobre todo o seu território”.

Por sua vez, Israel, que tem pressionado para o encerramento da missão juntamente com os Estados Unidos, também saudou a decisão.

“Pela primeira vez, temos boas notícias da ONU”, disse o embaixador israelita na ONU, Danny Danon, numa mensagem de vídeo, acusando a missão de não conseguir impedir o Hezbollah de “assumir o controlo da região”. A FINUL foi criada para supervisionar a retirada das tropas israelitas do sul do Líbano após a invasão de Israel em 1978, tornando-se uma das missões mais longas dos “capacetes azuis” no mundo.

A missão foi expandida em 2006, após uma guerra de um mês entre Israel e o Hezbollah, para permitir que as forças de manutenção da paz ajudassem o exército libanês a manter partes do sul livres de armas ou de pessoal armado que não fosse do Estado libanês.

A medida aumentou a tensão com o Hezbollah, que controla efetivamente o sul do Líbano, apesar da presença do exército libanês. O Hezbollah é um partido fortemente armado e a força política mais poderosa do Líbano.

ONU cede à pressão israelita e norte-americana

Há muito tempo que Israel acusa a FINUL de não conseguir evitar as ameaças representadas pelo Hezbollah e tem pressionado pelo fim de sua missão, principalmente desde que os combates transfronteiriços se intensificaram após os ataques liderados pelo Hamas contra Israel a 7 de outubro de 2023 e o início da guerra de Israel em Gaza.



“Décadas após a extensão do mandato da FINUL, é tempo de dissipar a ilusão. A FINUL falhou a sua missão e permitiu que o Hezbollah se tornasse uma perigosa ameaça regional”, disse o embaixador israelita na ONU, Danny Danon, após a votação.

Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, os Estados Unidos também aumentaram a pressão para a retirada dos “capacetes azuis” do Líbano. Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump supervisionou cortes no financiamento à FINUL.

“Esta será a última vez que os Estados Unidos apoiarão uma extensão da FINUL”, disse a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea.

“O ambiente de segurança no Líbano é radicalmente diferente do que era há apenas um ano, criando espaço para que o Líbano assuma uma maior responsabilidade”, disse Shea durante a reunião do Conselho de Segurança.

De acordo com a resolução agora aprovada, e que enfrentou negociações difíceis ao longo de duas semanas, principalmente entre os Estados Unidos e a França, a FINUL deve iniciar uma retirada e um desligamento ordenados, “com o objetivo de tornar o Governo libanês o único provedor de segurança no sul do país”.

A resolução também exige que o Governo israelita se retire ao sul da Linha Azul, a fronteira de facto entre os dois países, “incluindo as cinco posições que mantém em território libanês”.

Durante o período de retirada de um ano, a resolução hoje aprovada diz que a FINUL está autorizada a fornecer segurança e assistência ao pessoal da ONU, para “se manter a par da situação nas imediações das instalações” da missão e para contribuir para a proteção de civis e a entrega segura de ajuda humanitária “dentro dos limites das suas capacidades”.

(com agências)