Segundo a Reuters, o Ministério da Defesa da Alemanha, em documento encaminhado ao comitê orçamentário do Parlamento, acusa a indústria francesa de bloquear o avanço na próxima fase do programa conjunto de desenvolvimento do caça FCAS (Future Combat Air System) ao exigir a liderança exclusiva do projeto.

A iniciativa, estimada em mais de €100 bilhões, visa substituir os caças Rafale e Eurofighter por um sistema de combate de sexta geração com entrada em serviço prevista para 2040. No entanto, Paris exigiu cerca de 80% da fatia industrial, uma exigência que Berlin considera prejudicial às capacidades técnicas do programa e à participação da indústria alemã.

Essa situação corre o risco de adiar o início da Fase 2, que inclui o desenvolvimento de demonstradores de voo, prevista para ainda este ano.. Um parlamentar alemão chegou a sugerir que o país pode se retirar do FCAS e considerar alternativas, como encomendar 60 caças Eurofighter adicionais até 2029 ou ingressar no programa concorrente britânico-italiano-japonês GCAP.

Contexto e tensões em curso

  • O CEO da Dassault Aviation, Éric Trappier, defendeu a necessidade de liderança clara do projeto e destacou tensões com a Airbus, relacionada ao controle do “Pillar One” — parte tripulada do sistema.
  • Embora Trappier tenha descartado exigência de 80% de controle, ele não negou a possibilidade de saída do programa caso não haja mudanças substanciais na governança.
  • O chanceler alemão Friedrich Merz e o presidente francês Emmanuel Macron concordaram em buscar uma solução até o fim do ano.
  • A cooperação é ainda mais crucial diante de desafios geopolíticos europeus e repercute em outras áreas estratégicas, como apoio à Ucrânia e negociações comerciais com os EUA.■

 

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