O System of a Down não lança um álbum inédito de estúdio há quase duas décadas. Com exceção das músicas “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz”, disponibilizadas em 2020 e motivadas pelo conflito entre Artsakh e Azerbaijão, a banda não liberou qualquer outra canção após “Mezmerize” e “Hypnotize”, ambos datados de 2005.
Para Serj Tankian, há apenas uma razão pela qual o grupo não soltou nenhum outro disco completo desde então: diferenças criativas.
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Ao programa de Eddie Trunk (via Ultimate Guitar), o vocalista deixou claro que, atualmente, ele e os colegas estão num lugar de respeito e ótima convivência. Assim, diferente do especulado, a questão não envolve conflitos em âmbito pessoal, mas sim discordâncias artísticas, o que impede um álbum de sair do papel:
“Não é sobre todo mundo querer gravar. É sobre todos concordarem a respeito da visão do próximo disco. Se a visão não for a mesma, não vale a pena. Se for, aí faz sentido. É só isso. Nossas diferenças de opinião sempre estiveram no âmbito criativo e tenho orgulho de dizer isso. […] Não existem diferenças pessoais. Sempre nos amamos e nos respeitamos, e mais do que nunca agora. Então, não é por isso que não fizemos um álbum. Não fizemos um novo disco por causa das diferenças de visão, o que é uma diferença artística.”
Enquanto isso, ele e os colegas preferem apenas tocar juntos e fortalecer a conexão que possuem em outros aspectos fora do estúdio. O cantor explicou:
“Tenho orgulho de dizer isso, porque a maioria das bandas não trabalha junto por talvez não se gostarem. No nosso caso, não é esse o problema de forma alguma. Nós nos amamos, mas se não concordarmos [sobre certas questões criativas], não faremos um novo projeto e ponto final. É puramente uma questão criativa. Fazemos outras coisas juntos. Tocamos em turnê, saímos, jantamos juntos, trazemos a família, curtimos a companhia uns dos outros. Fazemos outras coisas juntos.”
Durante entrevista ao canal do YouTube The Jesea Lee Show em junho, Serj também havia sido abordado a respeito do tema. Na ocasião, o músico trouxe outro argumento e respondeu que, para que o System lançasse um novo álbum, seria necessário existir uma “abordagem igualitária” no processo de criação:
“[Seria preciso] Abordagem igualitária para tudo dentro da banda. Em outras palavras, mais igualdade em termos de origem da música, em termos de dividir tudo, incluindo editoração, em termos de ideias, em termos de compartilhar a visão — esse tipo de coisa.”
O álbum do System of a Down que quase aconteceu
Em sua autobiografia “Down with the System: Um livro de memórias (ou algo assim)”, lançada no ano passado, Serj Tankian revelou que um novo álbum do System of a Down começou a tomar forma por volta de 2018. Contudo, as sessões não caminharam de uma maneira positiva e as canções que o vocalista compôs pensando para o projeto viraram o álbum solo “Elasticity” (2021):
“Por volta de 2018, depois de voltar da Nova Zelândia, eu e Daron [Malakian, guitarrista] começamos a nos encontrar, só nós dois, para passar um tempo juntos, conversar, comer e tocar. […] Continuava compondo e gravando músicas praticamente todo dia, e, apesar de boa parte delas serem faixas instrumentais que eu usava no trabalho com trilhas sonoras, compus algumas músicas de rock que poderiam dar certo para o System. Toquei algumas para Daron e pedi que ele tocasse as coisas que andava escrevendo. […] Parecia que, entre aquelas duas coleções de canções, eu finalmente conseguia enxergar um caminho para algo que eu nem cogitava havia mais de uma década: um novo álbum do System of a Down. […] Sugeri que cada um de nós apresentasse seis músicas nas sessões para um álbum novo. Se todos no grupo não gostassem de alguma, escreveríamos outra até chegarmos a um acordo unânime. Nos álbuns anteriores, Daron sempre controlara o processo criativo e parecia sentir naquele momento que o novo método não apenas era uma crítica a seu controle, mas também um ataque contra suas músicas. […] Eu esperava que minha visão para uma existência mais igualitária dentro da banda solucionasse nossos problemas ou pelo menos nos mostrasse o caminho certo. Achei de verdade que aquilo fosse iluminar uma rota criativa. Em vez disso, tudo acabou virando um pandemônio. As sessões pararam de acontecer. As esperanças por um novo álbum do System of a Down murcharam. Peguei minhas músicas de volta, as gravei sozinho e as lancei como o álbum ‘Elasticity’.”
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