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As afirmações de Macron foram feitas numa entrevista à estação LCI, Le Monde, na sequência de um encontro em Washington com os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky, bem como outros aliados europeus.

Nessa entrevista, Macron apelou aos europeus para que “não sejam ingénuos” em relação a Putin, apontando a abordagem estruturalmente agressiva da política russa: “Desde 2007, 2008, o presidente Putin raramente cumpriu os compromissos. Tem sido constantemente uma potência desestabilizadora. E tem procurado rever as fronteiras para expandir o poder”, em entrevista à AFP.

Mas foi a analogia mais crua que suscitou maior polémica: “Portanto, mesmo que seja apenas para a sua própria sobrevivência, ele [Putin] precisa de continuar a alimentar-se. É isso mesmo. E, por isso, é um predador, é um ogre às nossas portas”, afirmou o presidente francês.

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Para Moscovo, a linguagem usada representa um ataque direto à dignidade nacional. Maria Zakharova acusou o líder francês de ultrapassar os limites do aceitável e acusou Paris de contribuir para a escalada do conflito.

A reação russa surge num momento particularmente tenso, numa altura em que a França reforça o seu apoio político e militar à Ucrânia, lado a lado com o Reino Unido e outros membros da “coligação de voluntários”.

Um aviso à Europa

O aviso de Macron é duplo: por um lado, denuncia a natureza agressiva do regime russo; por outro, alerta para o risco da complacência europeia: “Putin não voltará a um estado de paz e a um sistema democrático aberto da noite para o dia”, avisou.

“Não estou a dizer que amanhã a França será atacada, mas é uma ameaça para os europeus (…). Não devemos ser ingénuos.”

Este novo posicionamento foi reiterado num momento estratégico, durante uma visita à Moldávia, ao lado dos líderes da Alemanha e da Polónia, num claro gesto de apoio ao projeto europeu da presidente moldava Maia Sandu.

A Moldávia, antiga república soviética, realiza eleições legislativas cruciais no próximo mês, com o dilema europeu ou pró-russo no centro da disputa.

As declarações de Macron surgem também no contexto de uma nova ofensiva diplomática liderada pelos Estados Unidos, com Trump a propor uma cimeira entre Putin e Zelensky.

Macron, no entanto, deixou claro que não partilha o otimismo de Washington: “Quando olho para a situação e os factos, não vejo o presidente Putin a desejar a paz agora, mas talvez eu seja muito pessimista”, disse à NBC News.