Ao mesmo tempo, para tentar ganhar apoios internacionais, a Venezuela tem conversado com o Brasil e a Colômbia sobre a situação. Para além disso, tem expressado as suas preocupações aos aliados russos e chineses, que saíram em defesa do regime venezuelano. Mas com uma nuance: a China foi muito mais enfática na defesa de Nicolás Maduro, opondo-se à “interferência de forças externas nos assuntos internos da Venezuela” e criticando diretamente a presidência norte-americana. A Rússia, que está a tentar ganhar a simpatia de Donald Trump para resolver a guerra na Ucrânia, expressou apenas a “solidariedade com a liderança venezuelana e confirmou o apoio abrangente” de Moscovo a Caracas, sem nunca criticar os Estados Unidos.
Em termos militares, o regime procura mobilizar 4,5 milhões de pessoas para a Milícia Nacional Bolivariana — uma força composta por civis voluntários, criada em 2009 pelo ex-Presidente Hugo Chávez e já oficialmente integrada na Força Armada Nacional Bolivariana. E tem reforçado a presença de militares na fronteira com a Colômbia.
Em sentido inverso, María Corina Machado tem feito várias entrevistas, esperando relançar o movimento de oposição a Nicolás Maduro dentro de fronteiras. No X, o principal rosto da oposição da Venezuela, que ainda se mantém no país em paradeiro desconhecido por questões de segurança, tem agradecido e elogiado a atuação norte-americana. “O regime de Maduro é uma estrutura criminosa que fez um grande dano ao país”, disse a dissidente venezuelana, subscrevendo e contribuindo para a narrativa dos Estados Unidos.
¡Esta es la Venezuela que viene!
Aquí puedes ver, en sólo 4 minutos, el sueño de millones de ciudadanos que ya estamos listos para el retorno de la democracia y un auge económico y social nunca antes visto en la historia de nuestro país.
La Transición ya empezó. Te… pic.twitter.com/7K5VykhE1B
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) August 28, 2025
“A transição já começou”, escreveu ainda María Corina Machado no X esta quinta-feira, prometendo uma nova era “do regresso da democracia” e um “auge económico e social nunca antes visto na História” da Venezuela. Pela boa relação que mantém com Marco Rubio, caso o regime caia, a opositora deverá ter o apoio norte-americano para assumir uma posição de destaque num novo governo.
Para já, uma invasão da Venezuela ou uma ação militar destinada a acabar com o regime estarão, ainda assim, longe de se concretizar. “O mais provável é que as forças navais se envolvam em operações de combate ao tráfico de droga e acabem por regressar aos EUA”, opina John Polga-Hecimovich. “Menos provável, mas ainda possível, é que haja um ataque contra um alvo militar”, prossegue.
“Quase impensável” seria uma invasão “destinada à mudança de regime”. “A única coisa que poderia provocar uma ação militar dos EUA seria, por exemplo, uma invasão venezuelana da Guiana”, diz John Polga-Hecimovich. Contudo, com um secretário de Estado abertamente contra regimes como o de Nicolás Maduro a sussurrar-lhe ao ouvido, Donald Trump pode mudar de opinião sobre este cerco militar, que não deixa de ser o maior das últimas décadas nas Caraíbas e cujos objetivos não são claros.