O presidente do FC Porto, André Villas-Boas (Foto: Catarina Morais/Kapta+)

O presidente do FC Porto, André Villas-Boas (Foto: Catarina Morais/Kapta+)

Dado o ponto de partida de cada um, com o passado recente, são mais os dragões que têm de provar ao que vêm do que os leões que venceram os dois últimos campeonatos… Este é o ‘Nunca mais é sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo

Em janeiro o FC Porto foi obrigado a manobrar no mercado de uma determinada forma, o que nos retirou alguma competitividade desportiva em nome da sustentabilidade financeira do clube. Agora podemos trabalhar no mercado, porque podemos amortizar e podemos estar a falar do maior mercado de sempre da história do FC Porto

Desta vez, André Villas-Boas está a cumprir o que prometeu no dia 7 de julho, quando previu «o maior mercado de sempre da história do FC Porto». Faltam três dias para fechar a janela de transferências de verão e os azuis e brancos já contrataram muito num investimento considerável e como há muito não se via. Por outro lado, pelo das vendas, para já, há também encaixe significativo. Começa a ganhar forma um FC Porto clássico, de forte investimento a poder pensar na luta pelo título — essa também prometida no verão passado mas que se revelou uma precipitação do presidente portista, como foram ilusórias as promessas de conquistas da Liga Europa e até do Mundial de Clubes, com o líder dos dragões a ousar referir-se a vitrina no museu do clube para o troféu que o Chelsea conquistaria.

Clássico também é o que está à porta, amanhã, um Sporting-FC Porto em Alvalade à 4.ª jornada para animar o fecho de mercado, com novos jogadores — alguns possivelmente na bancada já a ver a nova equipa, como o agora leão Ioannidis, também isso um clássico de outros verões, lembro-me por exemplo de Bas Dost em 2016, que viu o jogo com os azuis e brancos no camarote, acabadinho e chegar para reforçar o plantel de Jorge Jesus — e espera-se um FC Porto à altura de outros anos que não o passado. Perdeu dois dos quatro clássicos com os leões, precisamente em Alvalade para o campeonato e em Leiria na Taça da Liga, mas também tanto na atípica Supertaça dos 4-3 depois de 0-3 aos 24’ como no 1-1 no Dragão na Liga se viu que o FC Porto não tinha andamento para o Sporting que acabou bicampeão nacional e com dobradinha. Ou seja, espero agora um Dragão clássico.

Muito se tem falado que o FC Porto está aí para a luta, e acho que está mesmo, ao mesmo tempo que se desconfia das reais capacidades de um Sporting bicampeão, que viu partir a principal figura, o supergoleador Gyokeres, mas manteve a linha da equipa — e também a reforçou e está a reforçá-la. Ou seja, desconfiam mais do leão do que do dragão, pede-se mais ao Sporting para provar o valor no primeiro clássico da Liga em 2025/2026 do que ao FC Porto que vem dum annus horribilis mas se reforçou, e reforça, a pensar num ano de glória. Aqui parece-me que está a inverter-se o ónus da prova, porque dado o ponto de partida de cada um, com o passado recente, são mais os dragões que têm de provar ao que vêm do que os leões que venceram os dois últimos campeonatos.

Se não tivéssemos sido eleitos, penso que o FC Porto teria sido vendido a um fundo americano, dentro de um ou dois anos, no máximo. Havia oito mil euros na conta

Também aqui um clássico. O líder que chega a explicar a herança pesada que herdou do líder que parte. Um cenário que pelas palavras de Villas-Boas em dezembro de 2024 não fazia prever já neste verão o investimento que está a ser feito… Não querem os portistas é que o clássico nó na garganta se verifique na altura de pagar a conta. Porque, também um clássico, essas têm mesmo de se pagar.