Assim como O GLOBO não devia se chamar O GLOBO, a CBN também não era para ser chamada CBN. Quem acompanhou a comemoração dos 100 anos sabe que o primeiro lugar no concurso para dar nome ao novo jornal foi “Correio da Noite”; como esse já estava registrado, foi escolhido O GLOBO, o segundo colocado. No caso da CBN, estava tudo certo para que a rádio, lançada em 1º de outubro de 1991, fosse a “Rádio Notícia”. Mas uma campanha de uma concorrente, justamente com esse slogan, levou a uma mudança de última hora, e quem entrou no ar foi a CBN, a Central Brasileira de Notícias.
Claro que muito mais que essa coincidência de nomes une O GLOBO e a CBN. A rádio, assim como o jornal, já nasceu com a vocação de prestar serviço aos seus ouvintes. Na política, na economia, no dia a dia das cidades (e a CBN chega a mais de mil delas em todo o Brasil, todos os dias, 24 horas por dia), o foco é sempre traduzir, explicar, esclarecer a notícia. E sempre com agilidade e precisão.
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Se a primeira página da edição de lançamento do GLOBO, em 1925, já trazia um serviço aos seus leitores, tapando “Sua Majestade, o Rei dos Buracos”, ao longo dos anos a CBN também ajudou milhões de brasileiros. Esteve ao lado dos ouvintes para tapar pequenos buracos ou resolver grandes problemas. A cobertura que a rádio fez do grande apagão de 1997, levando informação a quem estava perdido na escuridão, lembra a atuação histórica de outra coirmã, a TV Globo, nas enchentes do Rio em 1966.
As transformações tecnológicas das últimas décadas aproximaram ainda mais a CBN e O GLOBO. No passado, a rádio trazia, ao longo do dia, no calor do momento, a notícia “quente”, que tinha ficado velha no jornal de papel de logo cedo. Agora, com sites em tempo real e alertas de celular, o jornal disputa a atenção de ouvintes e leitores o tempo todo. Em vez de se afastar por causa disso, os dois se aproximaram. O colunista do GLOBO que acabou de publicar uma notícia exclusiva entra, logo depois, no ar na CBN, e amplia o alcance daquele furo para os ouvintes da rádio — e eles podem ir depois ao aplicativo ou site do jornal para saber mais; a entrevista bombástica com uma autoridade da República feita ao vivo pela CBN será repercutida, em instantes, em todos os canais do GLOBO.
A relação histórica entre O GLOBO e o rádio vem de muito antes da criação da CBN. Em dezembro do ano passado, o Sistema Globo de Rádio (SGR), que abriga a CBN, completou 80 anos desde a fundação da Rádio Globo, em 1944, com programação baseada no clássico slogan “música, esporte e notícia”.
O fundador, Roberto Marinho, queria que a emissora fosse uma extensão do GLOBO. Criou, por exemplo, “O Globo no ar” e “Seu Redator-chefe”, que apresentavam conteúdo do jornal. Desde aquela época, o que era falado na rádio repercutia no jornal, assim como o que era publicado no papel reverberava no ar.
Os tempos mudaram, mas a missão da CBN e do GLOBO continua a mesma: estar junto de seus ouvintes e leitores com a informação mais atualizada, precisa, contextualizada e relevante, o tempo todo, onde eles quiserem.
No papel, no rádio, no site, no app, no podcast e aonde mais a notícia chegar.
Pedro Dias Leite é diretor da CBN, e foi editor-executivo e editor de País do GLOBO, entre 2017 e 2020