Descontando o Benfica-Sporting da Supertaça, Alvalade recebe esta noite (20h30, SPTV1), à quarta jornada, o primeiro clássico da temporada 2025-26. Um clássico que não decide, como defendeu Rui Borges, treinador dos “leões”, nada no que diz respeito ao próximo vencedor do campeonato… Embora possa definir, nesta fase, o posicionamento hierárquico da Liga entre candidatos, enquanto o Benfica não acerta calendário.
Frente-a-frente estarão um rotinado bicampeão nacional e um “dragão” revigorado com a chegada do treinador italiano Francesco Farioli, apoiado num forte investimento antecipado pela SAD de André Villas-Boas, aspecto referido por Rui Borges, que elogiou o crescimento do adversário, até na dimensão física da equipa.
Tecnicamente empatados na tabela classificativa – separados apenas pela diferença entre os golos marcados e sofridos, ligeiramente favorável aos “leões” -, Sporting e FC Porto começaram, ainda que subliminarmente, a contrair os bíceps nas respectivas salas de imprensa.
Rui Borges falou primeiro, não resistindo à tentação de atribuir ligeiro favoritismo à equipa bicampeã nacional e detentora da Taça de Portugal, em resposta directa a uma pergunta já na parte final da conferência. Favoritismo essencialmente justificado por jogar em casa com o apoio dos adeptos.
Conferência de imprensa de antevisão ao #SCPFCP da #LigaPortugalBetclic ? https://t.co/fZfeRibFOw
— Sporting CP (@SportingCP) August 29, 2025
A declaração, inofensiva, parece ter, ainda assim, ganhado contornos de farpa para os lados do Dragão, já que nestas circunstâncias é costume contornar a questão. Ainda que indirectamente, o treinador do FC Porto não deixou o homólogo sportinguista sem resposta, que surgiu a dois tempos.
Primeiro para concordar com Rui Borges, cujas afirmações considerou “correctas”, tratando-se do “campeão das duas últimas épocas”. O italiano encaixou o “golpe” com elegância, reforçando o respeito com que o FC Porto se apresentará em Alvalade. Postura a que acrescentou o desejo de contrariar esse “favoritismo”.
Samu recuperado
Farioli concordou, igualmente, com a ideia de que o desfecho do clássico nada decidirá nesta altura, pelo que coloca maior ênfase no “processo evolutivo” da equipa, encarando o duelo como “mais um jogo” e, simultaneamente, como “mais do que um mero jogo” entre candidatos e rivais.
LIVE: Conferência de Imprensa de Francesco Farioli ? https://t.co/f5J6CX50S7
— FC Porto (@FCPorto) August 29, 2025
A segunda parte da resposta surgiu logo na questão seguinte, já depois de ter garantido a presença de Samu no clássico – que Rui Borges antecipara – e da integração do reforço Pablo Rosario na comitiva. Uma pergunta relacionada com a propensão evidenciada pelas equipas de Farioli nos Países Baixos e até em França para vencerem os “clássicos”. Algo que o FC Porto não consegue desde Março de 2024, quando goleou o Benfica (5-0) no Dragão.
Atentos ao onze contra dez
Tendência desvalorizada pelo técnico portista, que aproveitou a deixa para explicar que este é um caso diferente, especialmente pelas dificuldades que diz ter sentido para analisar um adversário que “frequentemente” actua contra equipas reduzidas a dez unidades.
Estava devolvida a alfinetada, a meias com um reparo indirecto às arbitragens. E se o “ligeiro favoritismo” de Rui Borges deixou margem para poder ser entendido como algo espontâneo, a “disciplina” de Farioli foi, inegavelmente, premeditada.
O técnico portista sabia de cor o número de jogos (quase um terço) em que o Sporting jogou com mais uma unidade (sete em 23), ainda que isso diga pouco sobre a justiça ou injustiça dessas expulsões, ou sobre a altura em que surgiram e que influência tiveram no resultado. E sem direito a contraditório, já que os “leões” também não foram imunes aos vermelhos em 2024-25.
Factualmente, este ano, na Liga, o Sporting só não jogou contra dez frente ao Casa Pia, na primeira ronda. Por isso Farioli foi rebuscar o passado para perceber como se comporta o “leão”, embora este ano tenha mudado de sistema e perdido Gyökeres. O que Farioli percebeu foi a existência de um padrão que o levou a preparar-se para todos os cenários, inclusive o de inferioridade… “just in case!”.
O técnico do FC Porto muniu-se ainda de outros números, para propor uma viragem, depois de perceber que nos últimos 23 confrontos dos portistas em Alvalade os “azuis e brancos” só venceram cinco (mesmo que nas últimas oito deslocações só tenha perdido duas vezes e vencido outras tantas), o que para Farioli representa um peso negativo do estádio do Sporting, onde não actuarão Pepê e Martim Fernandes pelo FC Porto e Nuno Santos, Maxi Araújo, Daniel Bragança, Morita e Diomande pelos locais.