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A hipertensão arterial é um dos maiores problemas de saúde pública a nível mundial. Estima-se que mais de 1,3 mil milhões de pessoas sofram desta condição, e em cerca de metade dos casos a pressão arterial permanece descontrolada apesar do recurso a vários medicamentos. Esta realidade expõe milhões de indivíduos a riscos acrescidos de enfarte, AVC, insuficiência renal e morte precoce.

Foi neste contexto que surgiu o baxdrostat, um novo comprimido desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca. Segundo os dados apresentados no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Madrid, e publicados em simultâneo no New England Journal of Medicine, este fármaco conseguiu baixar de forma significativa a pressão arterial em doentes considerados de difícil tratamento, conta o The Guardian.

O estudo BaxHTN, que contou com a participação de 796 pacientes em 214 clínicas espalhadas por vários países, demonstrou resultados animadores. Ao fim de 12 semanas de administração, os doentes medicados com baxdrostat registaram uma descida da pressão arterial sistólica na ordem dos 9 a 10 mmHg em comparação com o grupo placebo. Esta diferença, aparentemente modesta, traduz-se numa redução de risco cardiovascular que a comunidade médica considera altamente relevante.

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De acordo com os investigadores, cerca de quatro em cada dez participantes tratados com o comprimido — em doses de 1 mg ou 2 mg diários — alcançaram níveis de pressão arterial considerados saudáveis. No grupo placebo, menos de dois em cada dez atingiram esse objetivo.

Para o professor Bryan Williams, investigador principal e presidente da Faculdade de Medicina do University College London, os resultados são impressionantes: “Nunca vi reduções desta magnitude com um fármaco. Uma queda de quase 10 mmHg representa uma diminuição substancial do risco de enfarte, AVC, insuficiência cardíaca e doença renal. Este medicamento pode mudar o paradigma no tratamento da hipertensão difícil de controlar.”

O sucesso do baxdrostat resulta da sua ação sobre a aldosterona, uma hormona que regula o equilíbrio de sal e água nos rins. Em alguns indivíduos, a produção excessiva desta substância contribui para a retenção de líquidos e a consequente subida persistente da pressão arterial.

Apesar de décadas de investigação, só agora foi possível desenvolver um medicamento capaz de bloquear seletivamente a produção de aldosterona, corrigindo assim uma das principais causas da hipertensão resistente.

Embora o entusiasmo seja generalizado, os médicos alertam que ainda são necessários mais dados sobre os efeitos a longo prazo e a segurança da terapêutica. No entanto, o consenso no congresso de Madrid foi claro: trata-se de um avanço científico notável, com potencial para beneficiar até meio milhar de milhão de pessoas em todo o mundo.