Depois de ter obrigado a Sérvia a suar para sair com uma vitória na noite de sexta-feira, Portugal sofreu este sábado uma derrota pesada frente à Turquia (95-54), em Riga, na terceira jornada do grupo A do Eurobasket. O encontro foi o menos inspirado do conjunto português no torneio, contra uma das equipas em melhor forma nesta fase.
A Turquia, candidata a medalhas no Europeu, vinha de dois triunfos categóricos contra a Letónia e a Estónia (as duas selecções que Portugal ainda terá de defrontar), ultrapassando em ambas as partidas a marca dos 90 pontos.
Ancorados no poste dinâmico Alperen Sengun, estrela em ascensão dos Houston Rockets da NBA, os turcos têm-se mostrado um dos melhores ataques da cena internacional. No Eurobasket, entraram na jornada com a melhor percentagem de lançamento de dois pontos (64,7%). Essa eficiência ficou bem evidente desde o arranque do encontro, com vários lançamentos convertidos na área pintada, beneficiando por vezes de uma excessiva permeabilidade da defesa portuguesa.
How do we say “rim protector” in Portuguese? ????#EuroBasket x @fpbasquetebol pic.twitter.com/bGNiPEDxOl
— FIBA EuroBasket (@EuroBasket) August 30, 2025
O conjunto comandado pelo experiente técnico Ergin Ataman tirou bom proveito de mais um jogo muito inspirado de Sengun, que arrancou o encontro a vencer vários duelos individuais contra Neemias Queta.
Apesar de um novo desafio defensivo muito exigente, depois do emparelhamento com Nikola Jokic no jogo de sábado, o poste português conseguiu estar mais participativo no ataque e nas tabelas – só no primeiro período marcou mais pontos e ganhou mais ressaltos do que em todo o jogo contra a Sérvia.
O esforço da estrela portuguesa foi, no entanto, insuficiente para abrandar a pressão ofensiva turca, com especial foco no jogo interior. As combinações de postes grandes e refinados tecnicamente – Sengun com Omer Yursteven, Ercan Osmani e até Adem Bona – foram avassaladoras para a turma de Mário Gomes. Ao intervalo, a diferença já era de 24 pontos (51-27) para a Turquia, liderada por 20 pontos de Sengun.
Alperen Sengun has scored 12 of Turkiye’s first 14 points ??#EuroBasket pic.twitter.com/0v0BoepDNQ
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Segunda parte de gestão
A diferença no marcador continuou a aumentar paulatinamente depois do intervalo. Ergin Ataman começou cedo a gerir o tempo de jogo das principais figuras, mas Portugal continuou a mostrar-se incapaz de parar o ataque turco. No ataque, os “linces” continuaram desinspirados, por vezes até apáticos, com muita dificuldade em criar boas situações de lançamento interior ou exterior.
A equipa portuguesa ainda procurou reagir no início do terceiro quarto, mas os turcos não baixaram os níveis de concentração e impediram todas as tentativas lusas de parciais que pudessem devolver alguma incerteza ao desafio.
Mário Gomes, que recolheu aos balneários mais cedo devido a exclusão por faltas técnicas, também começou a pensar cedo no jogo de segunda-feira contra a Letónia, descansando Neemias Queta e outros jogadores do cinco inicial. A excepção foi Travante Williams, que somou minutos na fase final da partida para recuperar confiança após uma primeira parte muito pouco conseguida (três faltas e três perdas de bola) que contrastou com as duas muito boas exibições das primeiras jornadas.
Neemias Queta acabou mesmo por não jogar no último período, terminando o encontro com 15 pontos e sete ressaltos.
A diferença de 41 pontos é a mais vincada dos quatro jogos entre as duas selecções, sempre vencidos pela Turquia. Os turcos dominaram a área perto do cesto, com 54 dos 95 pontos marcados no pintado, e aproveitaram as 18 perdas de bola portuguesas para marcar 27 pontos.
Na conferência de imprensa após a partida, o treinador adjunto da selecção nacional, Nuno Manarte, reconheceu a incapacidade portuguesa de disputar o encontro com os mesmos níveis físicos da Turquia, uma equipa “de grande nível” e disse esperar uma reacção da equipa no próximo jogo.
“A ideia de não conseguirmos igualar, nem ofensivamente, nem defensivamente, o nível físico dos turcos criou-nos muita frustração”, admitiu o técnico, sublinhando a boa imagem que Portugal tem dado no Europeu. “Estes últimos jogos têm-nos dado a referência de que podemos competir ao mais alto nível. Mas temos de estar no limite durante os 40 minutos. É uma aprendizagem para nós. Estar no limite um dia não chega.”
O capitão português, Miguel Queiroz (seis pontos, cinco ressaltos) confirmou a frustração, mas já pensa no próximo jogo: “Passados três jogos, estamos mais perto do nosso objectivo. É nisso que temos de nos focar. Temos de esquecer rapidamente, levantar a cabeça”.
As equipas do grupo A voltam a entrar em acção na segunda-feira, numa altura em que a Sérvia e a Turquia, ambas invictas, já carimbaram a passagem aos quartos-de-final. Portugal tem encontro marcado com a Letónia (16h, RTP2), selecção anfitriã que terminou o Mundial de 2023 no quinto lugar e que soma os mesmos quatro pontos da selecção nacional (uma vitória e duas derrotas).