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Redação Rádio Pampa

| 30 de agosto de 2025

Nos últimos 50 anos, as taxas de obesidade e diabetes tipo 2 dispararam, enquanto a qualidade do esperma despencou. A crescente popularidade dos alimentos ultraprocessados, que têm sido associados a uma série de problemas de saúde, pode estar impulsionando essas mudanças. No entanto, os cientistas ainda não sabem ao certo se o motivo é a natureza industrial dos próprios ingredientes, o processamento dos alimentos ou se é porque eles levam as pessoas a comer mais do que deveriam.

Uma equipe internacional de cientistas descobriu que as pessoas ganham mais peso com uma dieta ultraprocessada em comparação com uma dieta minimamente processada, mesmo consumindo a mesma quantidade de calorias. O estudo em humanos também revelou que uma dieta rica em alimentos ultraprocessados ​​introduz níveis mais elevados de poluentes que afetam a qualidade do esperma. Os resultados foram publicados na revista científica Cell Metabolism.

“Nossos resultados comprovam que alimentos ultraprocessados ​​prejudicam nossa saúde reprodutiva e metabólica, mesmo que não sejam consumidos em excesso. Isso indica que é a natureza processada desses alimentos que os torna prejudiciais”, afirma Jessica Preston, principal autora do estudo, que realizou a pesquisa durante seu doutorado no Centro de Pesquisa Metabólica Básica (CBMR) da NNF da Universidade de Copenhague, em comunicado.

Para obter os melhores dados possíveis, os cientistas compararam o impacto na saúde de dietas não processadas e ultraprocessadas na mesma pessoa. Eles recrutaram 43 homens com idades entre 20 e 35 anos, que passaram três semanas em cada uma das duas dietas, com três meses de “washout” entre elas.

Metade começou com a dieta ultraprocessada e a outra metade com a não processada. Metade dos homens também recebeu uma dieta hipercalórica com 500 calorias diárias extras, enquanto a outra metade recebeu a quantidade normal de calorias para seu tamanho, idade e níveis de atividade física. Eles não foram informados sobre qual dieta estavam seguindo. Tanto a dieta não processada quanto a ultraprocessada continham a mesma quantidade de calorias, proteínas, carboidratos e gorduras.

Os participantes ganharam cerca de 1 kg a mais de massa gorda durante a dieta ultraprocessada em comparação com a dieta não processada, independentemente de estarem na dieta normal ou com excesso de calorias. Vários outros marcadores de saúde cardiovascular também foram afetados.

Os cientistas também descobriram um aumento preocupante no nível do ftalato cxMINP, substância desreguladora hormonal usada em plásticos, em homens que seguiam a dieta ultraprocessada. Homens que seguiam essa dieta também apresentaram reduções nos níveis de testosterona e do hormônio folículo-estimulante, que são cruciais para a produção de espermatozoides.

“Ficamos chocados com a quantidade de funções corporais afetadas por alimentos ultraprocessados, mesmo em homens jovens e saudáveis. As implicações a longo prazo são alarmantes e destacam a necessidade de revisar as diretrizes nutricionais para melhor proteção contra doenças crônicas”, afirma o autor sênior do estudo, Romain Barrès, professor do Centro NNF de Pesquisa Metabólica Básica da Universidade de Copenhague e da Université Côte d’Azur. (Com informações do jornal O Globo)