O Manchester United conseguiu finalmente a primeira vitória da temporada na Premier League, mas a pressão em torno de Rúben Amorim continua intensa. O triunfo dramático frente ao Burnley (3-2), garantido por um penálti de Bruno Fernandes aos 90+7′, aliviou momentaneamente as críticas, mas não dissipou os receios dentro de Old Trafford quanto à continuidade do treinador português.

Depois do desaire surpreendente a meio da semana frente ao Grimsby, na Taça da Liga de Inglaterra, circularam rumores de que Amorim poderia ponderar a demissão durante a próxima paragem internacional, independentemente do resultado diante do Burnley. A vitória reduziu essa possibilidade, mas não eliminou a incerteza. De resto, e segundo o jornal Daily Mirror, o clube receia que o treinador português possa demitir-se nos próximos dias.

No final da partida, o técnico de 40 anos mostrou-se satisfeito com a resposta da equipa, ainda que sem falar em «ponto de viragem»: «Não estou a pensar num ponto de viragem. Já tive esta conversa com vocês umas dez vezes. É dia a dia. Estou feliz. Hoje voltámos um pouco ao nosso nível. Se excluirmos a quarta-feira, estamos mais consistentes no desempenho em comparação com o ano passado. Isso é bom.»

Apesar da confiança manifestada pelos dirigentes, dentro do balneário existem sinais de desconforto. Alguns jogadores mais experientes não escondem a frustração com a insistência do treinador no sistema tático que utilizava no Sporting, considerando que não se adapta ao atual plantel. Outros sentiram-se expostos pelas críticas públicas de Amorim, que no rescaldo da derrota em Grimsby admitiu: «Sim, em alguns momentos [odeio os jogadores]. Mas quando eles se esforçam, vou sempre amá-los. Precisamos de entender que devíamos ter mantido sempre este nível de esforço.»

O português também saiu em defesa do guarda-redes Altay Bayindir, apontado como responsável no segundo golo do Burnley: «Rapazes, eles são humanos. Todos falam do guarda-redes. Mas acho que é difícil ser guarda-redes do Manchester United neste momento. Os jogadores estão a ter algumas dificuldades com tudo o que se passa no clube. Isso é normal. Portanto, não são só os guarda-redes. Todos têm de melhorar.»

Recorde-se ainda que, ainda em maio, Amorim admitira estar disponível para deixar o clube sem indemnização caso considerasse que a sua saída seria benéfica para ambas as partes. Uma frase que continua a ecoar nos corredores de Old Trafford e que mantém em aberto todas as hipóteses sobre o futuro próximo.