Para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a decisão francesa “recompensa o terror”, referindo-se ao ataque do Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, que deu início ao conflito.


“Sejamos claros: os palestinianos não procuram um Estado ao lado de Israel; procuram um Estado no lugar de Israel”, disse.


“Tal medida recompensa o terror e corre o risco de criar mais um agente iraniano, tal como Gaza se tornou”, adiantou o primeiro-ministro israelita. 

O vice-primeiro-ministro israelita, Yariv Levin, qualificou a posição de Macron de “decisão vergonhosa”.

“É uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo” e significa que agora é “tempo de aplicar a soberania israelita” na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, adiantou o também ministro da Justiça.

“A Terra de Israel pertence ao povo de Israel, e nem mesmo a declaração do presidente Macron pode mudar isso”, afirmou Levin numa mensagem no Telegram.

“Bofetada”

Os Estados Unidos, aliados de Israel, também anunciaram que rejeitam “firmemente” o plano francês, considerando-o uma decisão “imprudente” que atrasa os planos para a paz na região.

“Isto é uma bofetada na cara das vítimas de 7 de outubro”, declarou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

A Palestina, por sua vez, saudou a decisão de Macron e o Hamas considera que se trata de um “passo positivo”, apelando a outros países que sigam o exemplo francês.

A Arábia Saudita também saudou a decisão “histórica” e apelou a outros países para tomarem “medidas positivas semelhantes”.

Em França, o líder do partido de extrema-direita Rassemblement National, Jordan Bardella, lamentou uma “decisão precipitada”, que concederá ao Hamas “uma legitimidade institucional e internacional inesperada”.

O líder do partido de esquerda radical França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, por outro lado, celebrou uma “vitória moral”, mas lamentou que não fosse imediata.

Pressões sobre o Reino Unido e Alemanha

A França tornou-se, assim, o primeiro país do G7 e o primeiro membro do Conselho de Segurança da ONU a tomar a decisão de reconhecer o Estado da Palestina. Até à data, pelo menos 142 Estados reconheceram um Estado palestiniano, de acordo com uma contagem da AFP.

A decisão francesa aumentou as pressões no Reino Unido e na Alemanha para que sigam o mesmo exemplo.

A 10 de julho, durante uma visita ao Reino Unido, Emmanuel Macron apelou ao reconhecimento conjunto do Estado da Palestina por parte da França e do Reino Unido, mas sem sucesso até à data.


Entre os países europeus, Eslovénia, Espanha, Irlanda e Noruega foram pioneiros no reconhecimento do Estado palestiniano, em 2024.


O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reagiu quase de imediato ao anúncio de Macron.


“Celebro que a França se junte a Espanha e a outros países europeus no reconhecimento do Estado da Palestina. Juntos, devemos proteger aquilo que [Benjamin] Netanyahu (primeiro-ministro de Israel) está a tentar destruir”, publicou Sánchez no X,.


No entanto, os europeus continuam divididos sobre esta questão, com a Alemanha a acreditar que o reconhecimento do Estado da Palestina neste momento seria “um mau sinal”.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse anteriormente que o Reino Unido deveria reservar o reconhecimento do Estado palestiniano para quando tivesse um “maior impacto”, sem especificar quando seria esse momento.


Starmer vai reunir de emergência, esta sexta-feira, com os seus homólogos francês e alemão para discutir formas de “interromper os massacres e fornecer à população os alimentos de que desesperadamente necessita”.


c/ agências