Milhares de pessoas participaram em várias manifestações nas principais cidades da Austrália este domingo contra a entrada de imigrantes e que, segundo o próprio Governo, foram organizadas por grupos neonazis.
A “Marcha Pela Austrália” decorreu este domingo em Sydney, Melbourne, Camberra e em praticamente todas as outras capitais provinciais do país com o objectivo declarado de condenar o que dizem ser a “imigração maciça”, que afirmam ser responsável por vários problemas que vão desde a falta de habitação a preços acessíveis, à subida do custo de vida, passando pela destruição ambiental e fragilização da vida em comunidade.
Os organizadores das marchas disseram estar a fazer “o que os políticos moderados nunca tiveram a coragem de fazer: exigir o fim da imigração maciça”, de acordo com uma mensagem citada pela Reuters.
Por trás das manifestações está um conjunto de grupos, que incluem neonazis, e também personalidades que ganharam proeminência durante a pandemia da covid-19 por serem críticas das medidas de contenção sanitária. No entanto, nenhum grupo se apresentou oficialmente como organizador dos protestos.
O Governo trabalhista australiano (de centro-esquerda) condenou as manifestações, associando-as ao crescimento do discurso de ódio contra imigrantes, num país em que cerca de metade dos 27 milhões de habitantes nasceu no estrangeiro ou é filho de pais estrangeiros, como recorda a Reuters.
“Condenamos em absoluto a ‘Marcha Pela Austrália’ que acontece hoje [domingo], não se trata de algo para aumentar a harmonia social”, afirmou o ministro do Ambiente, Murray Watt, em declarações à Sky News. “Não apoiamos manifestações como esta, que tratam de espalhar ódio e de dividir a nossa comunidade”, disse Watt, acrescentando que os protestos são “organizados e promovidos” por grupos neonazis.
Da mesma forma, a líder do Partido Liberal (centro-direita), Sussan Ley, na oposição, afirmou não haver lugar para “a violência, racismo ou intimidação”. “Sejam incitados de longe ou promovidos por cá, não podemos deixar o ódio e o medo rasgarem a nossa coesão social”, disse.
Entre os participantes nas manifestações anti-imigração esteve a líder do partido de direita radical One Nation, Pauline Hanson.
Em Sydney, foi organizada uma contramanifestação promovida pela Coligação de Acção pelos Refugiados que juntou centenas de pessoas com o objectivo de manifestar “a profundidade do nojo e raiva para com o programa de extrema-direita da Marcha pela Austrália”, segundo um porta-voz.
Em Melbourne, a marcha anti-imigração cruzou-se com uma concentração semanal em solidariedade com a Palestina e chegou a haver pequenos confrontos, obrigando a polícia a dispersar a multidão pró-palestiniana, segundo o Guardian.