Cerca de 20 embarcações partiram da cidade portuária na costa leste de Espanha pouco depois das 14.30 horas, comprometendo-se a “abrir um corredor humanitário e a pôr fim ao genocídio em curso do povo palestiniano”, afirmou a Global Sumud Flotilla – sumud é o termo árabe para “resiliência”.
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O grupo define-se no seu sítio Web como uma organização independente, sem filiação em qualquer governo ou partido político. A flotilha, que arvora bandeiras palestinianas, tem centenas de pessoas a bordo, entre as quais activistas de dezenas de países, incluindo o ator irlandês Liam Cunningham e o espanhol Eduard Fernandez. A bordo estão também legisladores europeus e figuras públicas como a antiga presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau.
Os organizadores afirmam que dezenas de outros navios deverão partir da Tunísia e de outros portos mediterrânicos a 4 de setembro. Os ativistas também realizarão manifestações simultâneas e outros protestos em 44 países, “em solidariedade com o povo palestiniano”, escreveu Thunberg no Instagram.
“Entendemos que esta é uma missão legal e ao abrigo do direito internacional, e entendemos que o Governo português (…) tem a obrigação moral, mas também legal, de usar todos os esforços e todos os instrumentos para garantir que estes barcos chegam em segurança e conseguem entregar ajuda humanitária em Gaza”, disse a deputada do BE, Mariana Mortágua, aos jornalistas em Lisboa, na semana passada.
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Já o Governo português esclareceu no sábado que não tem qualquer obrigação de acompanhar e proteger a flotilha. “É algo que me parece inusitado”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, esclarecendo que o Estado português “não tem nada que proteger, nem acompanhar” a missão humanitária.
Tentativas anteriores
Israel já bloqueou duas tentativas de ativistas de entregar ajuda por navio a Gaza, em junho e julho.
Em junho, 12 ativistas a bordo do veleiro Madleen, provenientes de França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Países Baixos, foram intercetados pelas forças israelitas a 185 quilómetros de Gaza. Os seus passageiros, entre os quais Thunberg, foram detidos e acabaram por ser expulsos do país.
Em julho, 21 ativistas de 10 países foram intercetados quando tentavam aproximar-se de Gaza noutro navio, o Handala.
A situação humanitária em Gaza agravou-se nas últimas semanas. As Nações Unidas declararam estado de fome no território este mês, alertando que 500 mil pessoas enfrentam condições “catastróficas”.
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A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo radical palestiniano Hamas a 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e 250 reféns, a maioria civis, de acordo com um levantamento da AFP com base em dados oficiais.
O último balanço de mortos da ofensiva retaliatória de Israel, divulgado pelo Ministério da Saúde no enclave controlado pelo Hamas, está próximo dos 63.400, incluindo 330, dos quais 124 eram crianças, por fome devido às restrições israelitas à entrega de ajuda humanitária.
O exército israelita declarou a Cidade de Gaza como uma “zona de combate perigosa” na sexta-feira, quando se prepara para a ocupar.