A líder do Bloco de Esquerda (BE) defendeu este domingo que quer “recuperar espaço” e “relançar” o partido, através de “pontes e alianças” com outras forças e afirmando-se enquanto “alternativa ao capitalismo”. E já definiu as prioridades dos bloquistas no Parlamento, a partir de Setembro, como uma comissão de inquérito aos negócios dos meios aéreos no combate aos incêndios e uma proposta para limitar as rendas.
No encerramento do Fórum Socialismo, a rentrée do BE, Mariana Mortágua mostrou-se ciente de que estes “são tempos difíceis para a esquerda”, argumentando que “São Bento foi ocupado pelo Governo mais perigoso que o PSD já apresentou” e o debate no Parlamento “foi tomado por dezenas de deputados da extrema-direita” que, acusou, “condicionam cada passo do Governo”.
A partir de um vídeo gravado previamente por estar numa missão humanitária rumo a Gaza, a coordenadora nacional criticou ainda a “deriva conservadora” que se estende internacionalmente. Mas, apesar dos alertas sobre o crescimento do “neo-fascismo”, quis mostrar que mantém a “esperança“, assegurando que está “à procura das melhores respostas para enfrentar o tempo que vivemos”. “Não queremos falhar”, sinalizou.
A líder do BE assumiu que o partido quer “crescer, recuperar espaço” e “ter a confiança do povo de esquerda”, apesar do mau resultado nas legislativas. E, apontando a convenção nacional do BE de Novembro como solução, traçou como objectivo “relançar o Bloco como o partido sem medo de fazer pontes e alianças e de afirmar uma alternativa ao capitalismo”. “O Bloco está onde está a esquerda e mais ninguém tem coragem de estar”, defendeu.
Embora ainda haja “debates estratégicos” a fazer internamente, Mortágua definiu já o futuro do BE na “dura oposição ao Governo” através de “propostas no Parlamento” e da presença nas ruas. No âmbito dos incêndios, o Bloco quer criar uma comissão de inquérito para investigar os “negócios dos meios aéreos e de emergência de combate aos incêndios”. Na área laboral, pretende “travar o retrocesso” da reforma laboral proposta pelo Governo, “avançar com a semana dos quatro dias” ou entregar uma petição com 24 mil assinaturas pelos direitos dos trabalhadores por turnos. E, na habitação, vai insistir em impor tectos máximos às rendas.
Num curto discurso, Mariana Mortágua acusou também os governos internacionais de trocarem “definitivamente as regras da paz pelo caos dos senhores da guerra” por tolerarem o genocídio do povo palestiniano por parte de Israel. E criticou directamente o executivo português por falhar “à humanidade”, argumentando que, quando isso acontece, “a sociedade organiza-se e mobiliza-se”. “A superpotência somos nós. Essa certeza é o maior sinal de esperança que temos para o futuro”, defendeu.
A líder bloquista apareceu ainda num outro vídeo, já dentro da flotilha que ruma a Gaza a dizer que está com “muita esperança de conseguir furar o bloqueio” à ajuda em Gaza por ter recebido o apoio de “milhares de pessoas” em Barcelona, de onde o barco partiu.
“O mais importante é o espírito desta missão, que não são só as flotilhas, é toda a gente”, acrescentou, defendendo que o movimento que organizou a missão, o Global Sumud Flotilla, “resultará se toda a gente se mobilizar para abrir o corredor humanitário”.