Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Vacina contra herpes pode reduzir risco de infarto
Um estudo pioneiro apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Madri, revelou que a vacina contra o herpes zóster (conhecida como vacina da herpes-zóster ou “shingles jab”) pode reduzir em até 20% o risco de infarto e AVC em adultos. A pesquisa — a primeira revisão sistemática e meta-análise global sobre o tema — analisou 19 estudos e apontou que a imunização está associada a uma redução de 18% no risco de eventos cardiovasculares em pessoas a partir dos 18 anos, e de 16% em indivíduos com mais de 50 anos. Segundo os autores, o efeito protetor pode estar relacionado à prevenção da inflamação causada pela doença, que afeta milhões de pessoas no mundo e pode provocar complicações graves como dor crônica, cegueira e surdez. Embora especialistas considerem os resultados promissores, alertam que mais pesquisas são necessárias para confirmar a relação causal. As informações são do jornal The Guardian.
Advil e Tylenol aumentam a resistência aos antibióticos
Um estudo da University of South Australia revelou que analgésicos comuns, como ibuprofeno (Advil) e paracetamol (Tylenol), podem acelerar a resistência bacteriana a antibióticos, agravando uma das maiores crises de saúde global. A pesquisa mostrou que essas medicações, usadas individualmente ou em conjunto, aumentam mutações em bactérias como a Escherichia coli, tornando-as altamente resistentes ao antibiótico ciprofloxacino e a outros de diferentes classes. O risco é especialmente preocupante em instituições de cuidados a idosos, onde o uso simultâneo de vários medicamentos é frequente, criando condições ideais para o surgimento de superbactérias. Segundo a OMS, a resistência antimicrobiana foi responsável por 1,27 milhão de mortes em 2019, e os cientistas alertam que a interação entre fármacos comuns e antibióticos precisa ser mais bem estudada para evitar impactos graves na eficácia dos tratamentos.
IA é aliada contra glaucoma
Pesquisadores brasileiros estão testando o uso da inteligência artificial (IA) no diagnóstico precoce do glaucoma, doença silenciosa que pode causar cegueira irreversível. Segundo o oftalmologista Rodrigo Lindenmeyer, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, um algoritmo treinado conseguiu identificar a condição a partir de uma única imagem de retinografia, mostrando-se até mais sensível que softwares atuais. Embora a tecnologia ainda esteja restrita a pesquisas e possa levar cerca de 10 anos para chegar aos pacientes, especialistas avaliam que ela poderá tornar os exames mais acessíveis e baratos, especialmente em regiões com poucos recursos, ajudando a reduzir o número de pessoas que desconhecem ser portadoras da doença — hoje, cerca de 50% dos casos no mundo.
O que MR publicou
Brasil vai produzir remédio para atrofia muscular espinhal
A Fiocruz firmou parceria com a Hypera Pharma e a Aurisco Pharmaceutical para produzir no Brasil o medicamento Nusinersena, usado no tratamento da Atrofia Muscular Espinhal 5q (AME), já oferecido pelo SUS desde 2019. O acordo, dentro do Novo PAC da Saúde, prevê a transferência de uma tecnologia inédita na América Latina para fabricação de oligonucleotídeos, reduzindo a dependência externa, ampliando o acesso a terapias de alta complexidade e trazendo economia aos cofres públicos. Segundo a instituição, a iniciativa reforça o papel da Fiocruz como base científica, tecnológica e industrial do SUS e poderá abrir caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos para outras doenças raras.
Prefeitura de SP vai ampliar oferta de canabidiol no SUS
A Prefeitura de São Paulo anunciou que ampliará a oferta de medicamentos à base de canabidiol na rede pública, beneficiando pacientes do SUS com mais de 30 tipos de doenças, como epilepsias, dores crônicas, doenças neurodegenerativas, transtorno do espectro autista e patologias reumatológicas. Antes acessível apenas por via judicial, o tratamento agora poderá ser prescrito diretamente por médicos habilitados da rede, que estão sendo capacitados para o uso terapêutico da cannabis medicinal. As farmácias municipais de referência disponibilizarão cinco apresentações orais do medicamento, seguindo as normas da Anvisa, e a medida representa um avanço no acesso a terapias para casos graves ou refratários.
Nariz entupido pode ser polipose
Nariz entupido constante pode ser sinal de polipose nasal, uma forma de sinusite crônica causada pela inflamação da mucosa e formação de pólipos — lesões gelatinosas que dificultam a respiração. A doença, muitas vezes associada à asma, rinite e alergias, provoca perda de olfato e paladar, além de infecções recorrentes, e costuma ser confundida com resfriados ou crises alérgicas.
Embora não tenha cura, a polipose pode ser controlada. Casos leves respondem bem a sprays nasais, enquanto os graves podem exigir cirurgia ou até imunobiológicos, medicamentos modernos ainda de alto custo. O diagnóstico precoce e o acompanhamento multidisciplinar com otorrinos, pneumologistas e alergologistas são essenciais para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.