Ensaio clinico mostra que terapia com Baxdrostat deduz pressão arterial sistólica. Foto: Rosa Pinto
Os resultados de ensaio clínico de Fase III com o baxdrostat da AstraZeneca demonstrou uma redução estatística e clinica significativa na pressão arterial sistólica média na posição da pessoa sentada em duas doses, de 2 mg e 1 mg, em comparação com o placebo, em 12 semanas.
Os resultados, já publicados no New England Journal of Medicine, foram observados em pacientes com hipertensão de difícil controlo, ou seja não controlada e resistente, que receberam baxdrostat ou placebo, além do tratamento padrão.
O Baxdrostat atingiu os desfechos primários e todos os desfechos secundários no estudo de Fase III do BaxHTN, proporcionando reduções significativas e sustentadas da pressão arterial em pacientes com hipertensão de difícil controlo. Na semana 12, a redução absoluta em relação ao valor basal na pressão arterial sistólica média na posição sentada foi de 15,7 mmHg, e a redução ajustada por placebo foi de 9,8 mmHg, a dose de 2 mg.
Para a dose de 1 mg, a redução absoluta em relação ao valor basal foi de 14,5 mmHg e a redução ajustada por placebo foi de 8,7 mmHg. A redução na pressão arterial sistólica média na posição sentada com placebo foi de 5,8 mmHg. Os resultados foram consistentes tanto nos subgrupos não controlados quanto nos resistentes ao tratamento.
Os resultados do ensaio clinico mostram que o baxdrostat foi geralmente bem tolerado, sem problemas de segurança inesperados e com baixas taxas de hipercalemia confirmada em ambos os grupos de dosagem, de 1,1%, em comparação com o placebo. O perfil de segurança do baxdrostat foi consistente com seu mecanismo de ação, e a maioria dos eventos adversos foi leve.
O estudo também atingiu todos os desfechos secundários confirmatórios com baxdrostat. Isso incluiu a demonstração de redução duradoura da pressão arterial a longo prazo com a dose de 2 mg do baxdrostat. As doses de 2 mg e 1 mg também levaram a maiores reduções na pressão arterial diastólica e quase triplicaram as possibilidades dos pacientes atingirem a pressão arterial sistólica alvo inferior a 130 mmHg em comparação com o placebo.
Numa análise exploratória pré-especificada de um subgrupo de pacientes, o baxdrostat reduziu significativamente a pressão arterial sistólica noturna e ambulatória de 24 horas em comparação com o placebo, indicadores-chave de controlo sustentado da pressão arterial e redução do risco cardiovascular.
A dose de 2 mg reduziu a pressão arterial sistólica noturna em 24 horas em 16,9 mmHg, e as doses combinadas de 2 mg e 1 mg reduziram a pressão arterial sistólica noturna em 11,7 mmHg.
“Alcançar uma redução de quase 10 mmHg na pressão arterial sistólica, ajustada por placebo, com o baxdrostat no estudo de Fase III do BaxHTN é animador, pois esse nível de redução está associado a um risco substancialmente menor de ataque cardíaco, derrame, insuficiência cardíaca e doença renal. Esses dados mostram que a aldosterona desempenha um papel mais importante na hipertensão de difícil controlo do que se imaginava anteriormente, ressaltando a importância do novo mecanismo de ação do baxdrostat e seu potencial impacto para milhões de pessoas que vivem com hipertensão de difícil controlo, apesar de estarem em múltiplos tratamentos”, afirmou, citado em comunicado da AstraZeneca, Bryan Williams, chefe do Departamento de Medicina da University College London e investigador principal.
“Os resultados da Fase III do BaxHTN demonstram o potencial do baxdrostat para enfrentar um dos maiores desafios no tratamento cardiovascular, que é a hipertensão, de difícil controle apesar de múltiplas terapias. Estamos ansiosos para avançar com nossos registros regulatórios para o baxdrostat junto às autoridades de saúde nos próximos meses, além de avançar rapidamente com um robusto programa de desenvolvimento clínico em indicações nas quais a aldosterona desempenha um papel fundamental, incluindo a prevenção da doença renal crônica e da insuficiência cardíaca”, afirmou, citado em comunicado da AstraZeneca, Sharon Barr, Vice-Presidente Executiva de I&D de Biofármacos.
A hipertensão
Há 1,3 mil milhão de pessoas no mundo a viver com hipertensão, e em países como os EUA, aproximadamente 50% dos pacientes que vivem com hipertensão em múltiplos tratamentos não têm a pressão arterial controlada.
A desregulação da aldosterona é cada vez mais reconhecida como um dos principais fatores biológicos da doença, contribuindo para o aumento do risco cardiovascular e renal. Uma grande meta-análise descobriu que reduzir a pressão arterial sistólica em 10 mmHg pode reduzir o risco de eventos cardiovasculares adversos graves em cerca de 20%, ressaltando a necessidade urgente de novos tratamentos que tenham como alvo a hipertensão na sua origem.
O Baxdrostat é um potencial inibidor altamente seletivo da aldosterona sintase de primeira classe, que atua sobre um dos hormônios responsáveis pela elevação da pressão arterial e pelo aumento do risco cardiovascular e renal. Atualmente está a ser investigado em ensaios clínicos com mais de 20.000 pacientes em todo o mundo, como monoterapia para hipertensão e aldosteronismo primário, e em combinação com dapagliflozina para doença renal crónica e hipertensão, e na prevenção de insuficiência cardíaca em pacientes com hipertensão.
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