Alemanha, Áustria, Itália e Hungria são a linha da frente da defesa de Israel no seio da União Europeia, bloqueando qualquer entendimento sobre a matéria. Como estava previsto, a reunião em Copenhaga não chegou a nenhuma conclusão.

A União Europeia continua dividida no que diz respeito a Gaza, afirmou a Alta Representante da UE, Kaja Kallas, após a reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco em Copenhaga. A Alta Representante disse que é difícil para ela, pessoalmente, não ter unidade nesta matéria e que a divisão afeta a credibilidade do bloco na cena mundial.

De um lado estão pelo menos a Alemanha, Áustria, Itália e Hungria – que impõem que não haja nenhuma decisão sobre o assunto. Do outro lado estão pelo menos a Espanha, Irlanda e Dinamarca, que querem impor sanções a Israel e a membros do seu governo – e quem a proibição de importação para o mercado comum de produtos fabricados na Cisjordânia pelos israelitas que vivem e trabalham nos colonatos, ilegais à luz do Direito Internacional.

Kallas afirmou que a divisão está a afetar negativamente a credibilidade global da UE e manifestou o seu desapontamento por não conseguir alcançar a unidade entre os ministros. “Se me perguntarem pessoalmente como é que me sinto, que sou o culpado, que não temos uma decisão, então é difícil. É muito difícil”, disse Kallas. “É evidente que os Estados-Membros não estão de acordo quanto à forma de levar o Governo israelita a mudar de rumo. As opções são claras e continuam em cima da mesa. Apresentámos o documento sobre as opções. Mas o problema é que nem todos os Estados-Membros da UE estão de acordo”, acrescentou Kallas, citada pelas agências internacionais.

A chefe da diplomacia afirmou que os Estados-Membros ainda não chegaram a acordo sobre o plano de suspensão do comércio livre com Israel no âmbito do Acordo de Associação UE-Israel. “Se a maioria está a aumentar, então a divisão não está a aumentar, mas está a diminuir porque a maioria está a aumentar. Depende da forma como se olha para a questão. Mas é verdade que ainda não temos um acordo sobre essas medidas”, disse Kallas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, sugeriu que a UE poderia tomar algumas medidas para contornar o veto de alguns Estados-Membros. “Temos de trabalhar e pensar de forma mais inovadora sobre as melhores soluções a adotar. Por exemplo, queremos proibir as importações provenientes dos territórios ocupados. Provavelmente, isso não é exequível. Mas, nesse caso, poderíamos impor uma pesada tarifa sobre as importações, e poderíamos fazê-lo por maioria qualificada”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês. Rasmussen também rejeitou as alegações israelitas de que a limitação do comércio livre com Israel fortaleceria o Hamas. “Penso que é importante desafiarmos as falsas narrativas. Não temos qualquer intenção de reforçar o Hamas, antes pelo contrário”, afirmou.

O bloco aprovou um documento pedindo aos Estados Unidos que revertam a proibição de viagens da delegação palestina que se dirige à Assembleia Geral das Nações Unidas.

A reunião de Copenhaga dos Ministros dos Negócios Estrangeiros realizou-se no chamado formato Gymnich, o que significa que não foram tomadas decisões na reunião informal, mas os debates realizados poderão definir a direção de futuras conversações.