Israel interceptou durante a noite de sábado, em águas internacionais, o Handala, um navio com destino a Gaza que levava ajuda humanitária. A tripulação do veleiro que faz parte da Freedom Flotilla Coalition (FFC) tinha no total 19 voluntários e dois jornalistas da Al Jazeera a bordo. Este grupo, entre o qual está uma eurodeputada e uma deputada francesa, afirmou que se o veleiro fosse interceptado, faria uma greve de fome.

Segundo a equipa de advogados que representa os tripulantes, e que já falou com 17 dos 21 membros da tripulação, 12 encontram-se detidos, três serão deportados e dois, com dupla nacionalidade dos EUA e israelita, foram interrogados e posteriormente libertados.

Uma transmissão em directo no YouTube mostrou elementos armados a embarcar no veleiro, que partiu do Sul de Itália a 20 de Julho, enquanto os activistas no convés, todos com coletes salva-vidas, levantavam as mãos em sinal de rendição. Um dos militares, com capacete, foi visto a mexer na câmara que transmitia a partir do convés, virando-a. A transmissão terminou pouco tempo depois.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel confirmou, numa declaração publicada na rede X, que a “marinha israelita impediu o veleiro de entrar ilegalmente na zona marítima da costa de Gaza”.

Algumas horas antes de ser interceptado, a FFC tinha divulgado um comunicado indicando que o Handala estava a dirigir-se para o Egipto numa tentativa de evitar ser interceptado, na sequência da aproximação de duas embarcações suspeitas de pertencerem à marinha israelita.

Apesar das tentativas repetidas de contactar as autoridades israelitas através do canal VHF 16, não houve resposta. Temendo uma escalada, a tripulação accionou o alarme de bordo e preparou-se para um eventual confronto, mantendo a intenção de permanecer em águas internacionais e apenas entrar em águas egípcias em caso de ameaça directa às suas vidas.

Após a intercepção, a tripulação declarou que “o barco desarmado transportava suprimentos vitais quando foi abordado pelas forças israelitas, os seus passageiros raptados e a sua carga apreendida”. A organização denunciou que a operação ocorreu “em águas internacionais, fora das águas territoriais palestinianas ao largo de Gaza, em violação do direito marítimo internacional”.

Os activistas da Freedom Flotilla lançaram uma campanha apelando ao contacto imediato com os governos dos países de origem dos detidos, divulgando vídeos de apelo gravados pelos participantes antes de perderem a comunicação com o exterior.

O último veleiro da Freedom Flotilla a tentar alcançar Gaza, o Madleen, que transportava a sueca Greta Thunberg e outros 11 activistas, foi interceptado pelas forças navais israelitas na madrugada de 9 de Junho. A embarcação foi escoltada por dois navios da marinha até ao porto de Ashdod, de onde os activistas foram posteriormente levados para o aeroporto de Telavive. Parte do grupo foi deportada de imediato, enquanto os restantes foram detidos e acabaram também por ser repatriados dias depois.