A Tesla assinou um acordo no valor de 16,5 mil milhões de dólares (cera de 14,2 mil milhões de euros) com a Samsung para o fornecimento de chips, anunciou Elon Musk. A parceria deverá reforçar o negócio de produção para terceiros da tecnológica sul-coreana, cuja fábrica no Texas será agora responsável pela produção do chip de nova geração da fabricante norte-americana de automóveis.

O anúncio, feito por Musk na rede social X, impulsionou as acções da Samsung, que subiram até 6,8%, atingindo o valor mais alto desde Setembro do ano passado. Já os títulos da Tesla valorizavam 1,9% na negociação pré-mercado nos Estados Unidos.

A nova unidade da Samsung, localizada em Taylor, no estado do Texas, produzirá o chip AI6, desenvolvido pela Tesla. O projecto enfrentava atrasos prolongados devido à dificuldade da Samsung em garantir clientes de grande escala. Segundo Musk, a Tesla irá colaborar directamente com a Samsung para “maximizar a eficiência de fabrico” e o próprio CEO intervirá “pessoalmente para acelerar o progresso”.

O empresário sublinhou que o valor de 16,5 mil milhões de dólares representa apenas “o mínimo indispensável”, antecipando que a produção real possa ser “várias vezes superior”.

Segundo Ryu Young-ho, analista da NH Investment & Securities, esta encomenda é particularmente relevante, uma vez que a fábrica de Taylor “até agora não tinha praticamente nenhuns clientes”. Em Outubro passado, a agência Reuters noticiou que a Samsung tinha adiado a recepção de equipamento de fabrico da ASML para essa unidade, devido à ausência de clientes importantes. O arranque das operações foi adiado para 2026.

Produção do novo chip poderá começar em 2027

Embora não tenha sido divulgado um calendário oficial para a produção do chip AI6, Elon Musk já indicara que os chips AI5 começariam a ser fabricados no final de 2026, o que sugere que o novo modelo só deverá entrar em produção a partir de 2027.

Lee Dong-ju, analista da SK Securities, estima que a produção arranque entre 2027 e 2028, mas lembra que a Tesla tem um historial de não cumprir prazos.

Actualmente, a Samsung fabrica os chips AI4 usados no sistema de condução assistida Full Self-Driving da Tesla. O AI5 será produzido pela TSMC, primeiro em Taiwan e mais tarde no Arizona.

A Samsung é líder mundial em chips de memória, mas aposta cada vez mais no fabrico por contrato (foundry), onde produz chips lógicos desenvolvidos por terceiros. O projecto de Taylor é estratégico para a empresa, que procura diversificar o seu negócio principal.

Apesar disso, a quota da Samsung neste mercado é de apenas 8%, muito atrás da TSMC, que lidera com 67%, segundo dados da Trendforce. O acordo com a Tesla poderá ser um ponto de viragem para este segmento da empresa.

A Samsung já tinha anunciado um contrato de fornecimento no valor de 16,5 mil milhões de dólares, sem revelar o nome do cliente, invocando confidencialidade. Fontes próximas do processo confirmaram à Reuters que se tratava da Tesla.

Alívio para um negócio com perdas avultadas

A notícia surge num momento delicado para a Samsung, que tem enfrentado dificuldades no desenvolvimento de chips para inteligência artificial, onde perdeu terreno para rivais como a TSMC e a SK Hynix.

No início de Julho, a Samsung alertou para uma queda de 56% no lucro operacional do segundo trimestre, atribuída em parte às perdas acumuladas no negócio de fabrico por contrato.

Segundo o analista Pak Yuak, da Kiwoom Securities, essas perdas poderão ter ultrapassado os cinco biliões (milhões de milhões) de won, cerca de 3,1 mil milhões de euros, no primeiro semestre deste ano.

A empresa tem tido dificuldades em reter clientes relevantes, muitos dos quais migraram para a TSMC à procura de tecnologias mais avançadas. Entre os principais clientes da concorrente taiwanesa estão a Apple, a Nvidia e a Qualcomm.

Não está claro se este acordo entre a Tesla e a Samsung está ligado às negociações comerciais em curso entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, onde Seul procura firmar parcerias em sectores estratégicos como os chips e a construção naval, de forma a evitar eventuais tarifas de 25% por parte de Washington.