O novo partido de Jeremy Corbyn e Zarah Sultana já está dividido quanto à política relacionada com pessoas transgénero, de acordo com o Telegraph, depois de Adnan Hussain, um dos seis deputados do grupo, ter dito que as mulheres trans “não são biologicamente mulheres”, Sultana foi obrigada a vir corrigir rapidamente a mão, referindo que vai “sempre” defender os direitos dessas pessoas.
“A intolerância não tem espaço” neste novo partido, atualmente com o nome Your Party, avisou a deputada que deixou o Labour para iniciar um novo partido.
Adnan Hussain abandonou o Partido Trabalhista após a eleição de Keir Starmer como líder e decidiu candidatar-se como independente em 2024, com um grande foco na defesa da Palestina — tendo passado a fazer parte do grupo informal criado por independentes pró-Palestina. Ao seu lado estava não só Jeremy Corbyn, que foi líder do Partido Trabalhista entre 2015 e 2020 e eleito de forma independente nas últimas eleições, mas também Zarah Sultana, que se desfiliou e deixou de representar o partido no Parlamento britânico.
A polémica desenrolou-se quando, na última sexta-feira, Hussain foi questionado sobre a posição que o novo partido teria relativamente às questões LGBTQIA+, designadamente sobre os espaços exclusivos para um determinado sexo. Não só disse que “a maioria das pessoas sãs quer ser segregada numa casa de banho”.
N rede social X, o deputado acabou por escrever: “Os direitos das mulheres e os espaços seguros não devem ser invadidos. Espaços alternativos seguros devem ser uma opção alternativa.”
Zarah Sultana viu-se obrigada a reagir pouquíssimas horas depois, assegurando que sempre esteve “junto” à comunidade transgénero e que assim se manterá: “As mesmas forças que atacam migrantes e muçulmanos também atacam pessoas LGBTQIA+, especialmente pessoas trans. A nossa segurança está na solidariedade. Nenhum de nós é livre até que todos sejamos livres. Esse é o novo partido que estamos a construir e a intolerância não tem espaço nele”.
Corbyn acabou por fazer o mesmo, manifestando apoio às pessoas transgénero, ao lado de Sultana, e, por consequência, em oposição a Hussain. “Direitos trans são direitos humanos”, sublinhou.
De acordo com o Telegraph, mesmo após uma enorme onda de críticas, nomeadamente nas redes sociais, Hussain manteve exatamente a mesma opinião. De tal forma que, quando confrontado pela jornalista transgénero India Willoughby, que o acusou de “ódio trans”, Hussain assegurou que não houve qualquer ódio: “Esta é uma conversa que tem acontecer. Concordar com as mulheres sobre a necessidade de espaços exclusivos para elas não é uma expressão de ódio contra nenhuma outra comunidade. Afirmei a necessidade de haver espaços seguros para pessoas trans, isso não é ódio.”