Segundo a BBC, que investigou o caso ao longo de vários meses, apenas 469 alertas do tipo “Ação” foram enviados a utilizadores Android antes do primeiro grande abalo.
Dez milhões de pessoas num raio de 157 quilómetros
do epicentro poderiam ter recebido o alerta de nível mais alto da Google, dando até 35 segundos de aviso para encontrar um local seguro.
Em vez disso, cerca de meio milhão de utilizadores receberam apenas um aviso leve, destinado a tremores ligeiros, que não aciona alarme sonoro nem substitui o modo “Não incomodar” dos dispositivos. A falha tornou-se particularmente grave dado que o sismo ocorreu às 4h17 da manhã, quando a maioria das pessoas estava a dormir.

A gigante tecnológica reconheceu que o sistema subestimou a magnitude do abalo, calculando-o inicialmente entre 4,5 e 4,9 na escala de magnitude. Após uma revisão posterior, o algoritmo foi atualizado e, numa simulação do mesmo sismo, conseguiu emitir os alertas corretos.

“Continuamos a melhorar o sistema com base no que aprendemos em cada terramoto”, garantiu um porta-voz da empresa.

Um segundo grande terremoto mais tarde naquele dia também foi subestimado, o sistema desta vez enviou alertas de “Ação” para 8.158 telemóveis e alertas de “Atenção” para cerca de quatro milhões de usuários.Sistema Alerta da Google na Turquia

O sistema Android Earthquake Alerts (AEA), lançado pela Google, está ativo em 98 países e pretende atuar como uma “rede de segurança global”, sobretudo em locais sem sistemas nacionais de alerta. Na Turquia, onde mais de 70% dos telemóveis usam o sistema operativo Android, o impacto da falha foi crítico.

Após o terremoto, os pesquisadores do Google mudaram o algoritmo e simularam o primeiro terremoto novamente. Desta vez, o sistema gerou 10 milhões de alertas de “Ação” para aqueles em maior risco e mais 67 milhões de alertas de “Atenção” para aqueles que viviam mais longe do epicentro.
“Todos os sistemas de alerta precoce de terremotos
enfrentam o mesmo desafio: ajustar algoritmos para eventos de grande
magnitude”, disse o Google à BBC.
Apesar das melhorias anunciadas, especialistas criticam a falta de transparência da empresa. “Demorou mais de dois anos a termos acesso a esta informação”, sublinhou a investigadora Elizabeth Reddy, da Colorado School of Mines, à BBC. Outros cientistas alertam que confiar em excesso em tecnologias não validadas pode ser perigoso.

A Google não tem qualquer obrigação legal para o envio destes alertas. A própria empresa refere que o sistema deve ser complementar e não um substituto dos sistemas nacionais.Como funciona

O sistema da Google é capaz de detetar abalos na Terra e notificar um grande número de telemóveis que usam o sistema operacional Android.


O alerta mais sério do Google é chamado de “Take Action” (Ação), que dispara um alarme sonoro no telemóvel do usuário, mesmo os que tenham ativado a funcionalidade “Não Perturbar”. 

Este é o aviso que deve ser enviado às pessoas quando forem detetados tremores mais fortes que possam ameaçar a vida humana.

O sistema também tem um aviso menos sério, chamado “Alerta”, criado para informar os usuários sobre possíveis tremores ligeiros, um aviso que fica condicionado quando o dispositivo está no modo “Não perturbar”.