Pesquisa clínica revela que três semanas de dieta ultraprocessada já bastam para alterar colesterol, pressão e espermatozoides

Os alimentos processados devem representar apenas uma pequena parte da dieta, que deve ser composta principalmente por cereais integrais, frutas e vegetais.

Quando pensamos em ultraprocessados, logo vem à cabeça o excesso de calorias, açúcar, gordura e sal. Mas um ensaio clínico recente mostrou que os efeitos vão muito além do ganho de peso.

Pesquisadores da Dinamarca acompanharam homens, de 20 a 35 anos, que passaram três semanas em duas dietas diferentes: uma baseada em alimentos minimamente processados e outra em ultraprocessados, com 77% das calorias vindas desses produtos. O mais surpreendente? As calorias foram controladas e iguais entre os grupos.

Mesmo assim, o consumo de ultraprocessados levou ao aumento de peso corporal e gordura, piora no colesterol e elevação da pressão arterial. Alterações hormonais também chamaram atenção: queda nos níveis de Hormônio Folículo-Estimulante (essencial para a produção de espermatozoides), tendência de redução na testosterona e diminuição da motilidade dos espermatozoides, que é a capacidade de se moverem adequadamente.

Outro achado importante foi a presença maior de contaminantes como ftalatos no sangue, substâncias usadas em plásticos e embalagens que podem desregular hormônios e afetar a fertilidade. Em apenas três semanas, já foi possível observar mudanças negativas no metabolismo e na saúde reprodutiva.

A nutricionista Débora Moreira, mestre em Ciências dos Alimentos e pesquisadora do NutrinetBrasil, faz um alerta: “Há evidências robustas de que esses alimentos afetam negativamente o nosso corpo, pois sua composição nutricional é desfavorável, eles contêm substâncias que dificultam o reconhecimento e a resposta fisiológica adequada do organismo, além de apresentarem combinações de gordura e açúcar exageradas. No entanto, é possível mitigar esses efeitos negativos reduzindo o consumo. Uma porção isolada não é suficiente para causar grandes prejuízos, mas, assim como ocorre com o álcool, talvez também não exista uma ‘dose segura’ de alimentos ultraprocessados”.

Por isso, tente sempre substituir parte do consumo diário por alimentos frescos e minimamente processados, o impacto positivo pode ser rápido e significativo.

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