A quinta líder da Iniciativa Liberal em oito anos sublinha ainda que o partido “não vai pela via do facilitismo”

Mariana Leitão quer saber “para onde foram” e “o que é que fazem” os 100 mil funcionários públicos que entraram nos quadros do Estado nos últimos 10 anos. Em entrevista à CNN Portugal esta terça-feira, a líder da Iniciativa Liberal disse que quer uma “avaliação profunda e transversal à administração pública” que permita garantir “o mérito e a valorização dos bons funcionários públicos”.

Mariana Leitão questiona, entre várias perguntas que quer colocar ao Governo, qual a melhoria que o aumento do número de funcionários públicos trouxe para o funcionamento da administração pública. “O que é que justificou a contratação destes 100 mil funcionários públicos? Para onde foram? O que é que fazem? E, já agora, que haja respostas em relação a toda a administração pública. Quantos funcionários públicos é que existem objetivamente? Onde é que estão alocados, em que áreas? A fazer o quê? Quais são as funções concretas que têm?”, disse a líder dos liberais.

“Há muitas funções na administração pública que podiam estar automatizadas e não estão. Há uma evolução tecnológica na última década que podia permitir a digitalização e que estamos muito longe de chegar aos níveis aos quais devíamos ter chegado.”

Numa referência ao Chega, partido que se estreou no Parlamento no mesmo ano em que Iniciativa Liberal mas que registou um crescimento muito superior nos últimos anos, Mariana Leitão disse que o seu partido “não vai pela via do facilitismo, do populismo ou de enganar as pessoas com soluções aparentemente fáceis”.

“Nós não abdicamos de dizer a verdade às pessoas, não abdicamos daquelas que são as nossas soluções, os nossos princípios, as nossas ideias. Nem sempre são as mais fáceis, muitas vezes implicam mudanças, implicam reformas estruturais. Sabemos que nem sempre a adesão à mudança é consensual no nosso país, mas nós não abdicamos disto.”

Já na mesa com os comentadores da CNN Portugal Rui Calafate, Helena Matos, Gonçalo Ribeiro Telles e Anselmo Crespo, este último confrontou a presidente da IL com uma certa desorganização do partido aos olhos do eleitorado, uma vez que a atual líder da IL chegou a ser candidata à Presidência da República e deixou de o ser. “O nosso partido está em ordem. Não acredito que os portugueses olhem para a IL dessa forma, olham como um partido credível, que apresenta propostas sérias (…) Não há questão nenhuma de ingovernabilidade”, disse Leitão, que não vê como “profundamente negativo” o facto de a IL ter tido cinco líderes em pouco tempo. “Significa até que as pessoas estão bastante libertas do poder”.

Helena Matos também interrogou Mariana Leitão, desta vez sobre o declínio dos partidos liberais por toda a Europa, algo que a líder da IL refutou no caso português. “Não podemos falar da IL como estando em declínio. Tem estado sempre a crescer.”