Lavrov, em declarações publicadas no portal oficial do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, afirmou que as novas “realidades territoriais” devem ser reconhecidas e formalizadas de acordo com o direito internacional, para que a “paz seja duradoura”.


“Um novo sistema de garantias de segurança para a Rússia e a Ucrânia deve ser formado como elemento integrante de uma arquitetura pancontinental de segurança igualitária e indivisível na Eurásia.”

O homólogo ucraniano, Andrii Sybiga, reagiu imediatamente às declarações de Lavrov sobre a cedência de território.

Sybiga afirmou nas redes sociais que a Rússia não alterou os objetivos e “ultimatos antigos” e que não mostra vontade de se envolver em negociações.

Isto prova que o apetite do agressor só aumenta quando não é submetido à pressão e à força. É tempo de atingir a máquina de guerra russa com novas sanções”, acrescentou o chefe da diplomacia ucraniana.



Na semana passada, a diplomacia da Turquia afirmou que a Rússia continua a exigir que a Ucrânia ceda o Donbass (leste da Ucrânia), que não controla totalmente, mas está disposta a congelar o conflito no sul do país ao longo das atuais linhas da frente.

O exército russo ocupa cerca de um quinto do território ucraniano, e Moscovo reivindica a anexação de cinco regiões: as do leste de Donetsk e Luhansk, que formam o Donbass; as do sul de Kherson e Zaporizhzhya; e a Crimeia, que conquistou em 2014.

Por seu lado, a Ucrânia exigiu que o Exército russo se retire totalmente dos territórios ocupados.

Durante as negociações em Istambul, no início deste ano, os negociadores russos exigiram a retirada total da Ucrânia destas cinco regiões como pré-condição para o fim do conflito.Adesão da Ucrânia à NATO

Numa referência indireta à contínua oposição de Moscovo à adesão da Ucrânia à NATO, Lavrov disse que “a Ucrânia deve ter garantido um estatuto neutro, não alinhado e não nuclear”.

A Ucrânia afirma que não cabe à Rússia decidir aquilo a que Kiev pode ou não aderir, enquanto a NATO afirma que a Rússia não pode ter poder de veto sobre a adesão à aliança, formada em 1949 para combater a ameaça da União Soviética.

Novo ataque russo contra a Ucrânia


A Rússia lançou um ataque maciço contra a Ucrânia durante a noite, utilizando mais de 500 drones e mísseis, principalmente no oeste, cortando o fornecimento de energia a milhares de casas, anunciaram as autoridades ucranianas na quarta-feira.

Na região de Chernihiv (norte), 30 mil pessoas ficaram sem eletricidade após um bombardeamento de “infraestruturas civis”, revelou o chefe da administração militar, Vyacheslav Tchaus.O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou a “impunidade” demonstrada pelo seu homólogo russo, Vladimir Putin.


“Estes ataques são claramente uma demonstração russa. Putin está a demonstrar a sua impunidade. E isso, sem dúvida, exige uma resposta do mundo”, disse.

O líder ucraniano apelou aos seus aliados para pressionarem a “economia de guerra” de Moscovo, antes de se reunir ainda esta quarta-feira com responsáveis dos países bálticos e nórdicos da Dinamarca.

Jornalistas da AFP em Kiev ouviram explosões sobre a capital e o crepitar de metralhadoras antiaéreas durante o ataque, que coincidiu com a visita de Vladimir Putin à China e a visita a Kiev do secretário britânico da Defesa, John Healey.

A Força Aérea Ucraniana informou que Moscovo lançou 502 drones e 24 mísseis.

“Três mísseis e 69 drones de ataque atingiram 14 locais, e destroços dos projéteis abatidos caíram em 14 locais”, acrescentou.

As autoridades regionais do oeste do país disseram que várias pessoas ficaram feridas e que casas e infraestruturas civis foram danificadas.Na região de Kirovograd (centro da Ucrânia), quatro trabalhadores ferroviários ficaram feridos, segundo a empresa responsável pelas ligações ferroviárias, que citaram interrupções significativas no tráfego de comboios.


Moscovo tem bombardeado a Ucrânia quase diariamente com mísseis e drones desde o lançamento da sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022, desencadeando o conflito mais mortífero na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.


c/ agências