“Por minha ordem, as Forças Armadas dos EUA realizaram um ataque cinético contra narcoterroristas do Tren de Aragua [TDA], identificados positivamente, na área de responsabilidade do SOUTHCOM”, escreveu Donald Trump na Truth Social.
“O TDA é uma Organização Terrorista Estrangeira (…), operando sob o controle de Nicolas Maduro, responsável por homicídios em massa, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e atos de violência e terror em todo os Estados Unidos e no Hemisfério Ocidental”, acrescentou.
As autoridades venezuelanas têm afirmado repetidamente que o Tren de Aragua já não está ativo após o desmantelamento do grupo durante uma operação numa prisão em 2023.
Segundo o presidente dos Estados Unidos, o ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, “em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais, a caminho dos Estados Unidos” e deste resultaram “11 terroristas mortos em combate“, mas nenhum elemento das Forças dos EUA foi ferido no ataque.
O presidente do EUA termina alertando: “que isso sirva como aviso a qualquer um que esteja pensando em trazer drogas para os Estados Unidos da América. CUIDADO!!”.
O ministro das Comunicações da Venezuela, Freddy Nanez, sugeriu numa publicação nas redes sociais que o vídeo partilhado por Trump foi criado com inteligência artificial. Donald Trump já tinha confirmado, na terça-feira, numa conferência de imprensa na Casa Branca que as forças americanas dispararam contra um “barco que transportava droga” e acabara de sair da Venezuela, enquanto os Estados Unidos realizavam um desdobramento militar na região das Caraíbas, um ataque denunciado por Caracas.
“Literalmente destruímos um barco, um barco que transportava drogas, muita droga. E vocês verão e lerão sobre isso. Aconteceu há alguns momentos“, afirmou o presidente à imprensa durante uma intervenção na Sala Oval, antes de acrescentar que “estas [drogas] provêm da Venezuela”.
Porém, Donald Trump não deu mais detalhes sobre uma suposta operação militar nas costas do país sul-americano, onde a Marinha dos Estados Unidos posicionou vários navios de guerra.
O presidente norte-americano elogiou o “incrível” chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, que o manteve informado sobre o ataque ao suposto navio venezuelano, um movimento confirmado pouco depois pelo secretário de Estado, Marco Rubio, através de uma mensagem na rede social X.
“Temos uma grande quantidade de drogas que chegam ao nosso país há muito tempo, e estas provêm da Venezuela. Saem em grandes quantidades da Venezuela. Muitas coisas estão a sair da Venezuela, então o eliminámos (o barco)”, acrescentou.
Sete navios de guerra norte-americanos, juntamente com um submarino de ataque rápido com propulsão nuclear, estão na região ou deverão estar lá em breve, transportando mais de 4.500 marinheiros e fuzileiros navais.
Embora os navios da Guarda Costeira e da Marinha dos EUA operem regularmente no sul das Caraíbas, o efetivo atual excede as deslocações habituais na região.
A força naval conta com navios de guerra, incluindo o USS San Antonio, o USS Iwo Jima e o USS Fort Lauderdale. Alguns podem transportar meios aéreos, como helicópteros, enquanto outros também podem implantar mísseis de cruzeiro Tomahawk.
As Forças Armadas dos EUA também têm operado aviões espiões P-8 na região para recolher informações, disseram as autoridades norte-americanas. Têm sobrevoado águas internacionais.
Caracas acusa EUA de interesse nos recursos naturais
Em resposta, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu que o seu país enfrenta o que considera a “maior ameaça que se viu” na América “nos últimos 100 anos” e assegurou que a sua nação se declararia “em armas” se “fosse agredida”.
Maduro acrescentou que Trump está interessado nos “recursos naturais” da Venezuela, incluindo petróleo, gás e ouro.
“Estão a vir (…) pelo petróleo venezuelano, querem-no de graça, pelo gás”, disse na terça-feira Maduro, que afirmou que o país tem também “a quarta maior reserva de gás do mundo” e “uma das maiores” reservas globais de ouro.
O presidente venezuelano voltou a rejeitar o argumento de Washington de que se trata de uma operação para combater o tráfico de droga, descrevendo-o como uma “história, uma lenda em que ninguém acredita”.
“A juventude dos Estados Unidos não acredita nas mentiras do mandachuva da Casa Branca, Marco Rubio, porque quem manda na Casa Branca é Marco Rubio, a máfia de Miami, que quer sujar as mãos do presidente Donald Trump com sangue”, sublinhou o chefe de Estado.
c/agências