A Volta a Espanha tem tido vários protestos de organizações pró-Palestina, com incursões de manifestantes para o meio da estrada – e algumas com perigo para os ciclistas. Nesta quarta-feira houve mais e a organização da prova decidiu cancelar a parte final da etapa 11, não atribuindo a vitória a ninguém.
Os tempos foram tirados a três quilómetros da meta e João Almeida perdeu terreno. Thomas Pidcock atacou na última subida e deixou todos sentados – até Vingegaard. O dinamarquês foi o que mais resistiu e acabou por juntar-se ao britânico até ao final da etapa. Almeida não teve capacidade para responder e apareceu cerca de dez segundos depois.
Tem havido muita discussão sobre que ajuda o português pode ter dos colegas e já houve alguma clarificação. Jay Vine, que tem andado ao ataque, não teve pernas para ser útil quando a estrada inclinou. Juan Ayuso, que também já muito atacou, tentou qualquer coisa nesta etapa, mas cedo “arrumou”. E Marc Soler, que esteve em fuga sem qualquer nexo, também não ajudou nada.
Em suma, Almeida ficou sozinho na parte mais importante da etapa, rodeado por Vingegaard e mais três amigos do dinamarquês.
Soler em fuga
A etapa tinha sete contagens de montanha – era a geralmente chamada etapa “rompe-pernas”, com esforço contínuo de sobe e desce, mesmo que sem escaladas muito longas e duras. Não era evidente que fosse um dia para luta entre os principais favoritos, que terão Angliru daqui a dois dias, mas Almeida acabou por querer tirar algo deste dia no País Basco e optou por repetir ataques de parca probabilidade de sucesso, pelo perfil da etapa e por ter a equipa adversária tão unida.
Mas foi a Emirates quem esteve em destaque desde o início. Primeiro, porque Juan Ayuso quis atacar – e ainda teve um furo, tendo ficado para trás durante algum tempo. Que ajuda viria a dar?
Depois, porque Marc Soler também se lançou num ataque solitário. O espanhol já provou várias vezes que gosta mais de esforços ofensivos do que de trabalho colectivo e lançou-se ao ataque – a UAE poderia ter a ilusão de que ele, na pior das hipóteses, pudesse vir a ser útil a Almeida no final do dia, como “corredor satélite”, mas com tanto esforço solitário isso seria altamente improvável.
Era, portanto, uma táctica totalmente ilógica da UAE – talvez por isso a aventura tenha acabado alguns quilómetros depois. O problema é que Soler pareceu ter esvaziado o “tanque” nessa tentativa e ficou para trás pouco depois. Fim do trabalho.
A cerca de 30 quilómetros da meta tivemos a resposta sobre Ayuso: zero ajuda. O único capaz de estar com Almeida era Jay Vine, mas também não foi ele a ter força para endurecer a corrida – nem sequer para seguir no grupo principal no momento mais difícil.
Almeida já estava sozinho, enquanto Vingegaard tinha três colegas no grupo principal – que tinha dez ciclistas. O português atacou por si só a 26 quilómetros da meta e levou Vingegaard na roda, uma fase da corrida em que a fuga de Buitrago chegava ao fim – havia, portanto, possível luta pela etapa e bonificações entre os principais favoritos ao triunfo. Ou talvez não.
Por manifestações na meta, a organização da prova decidiu tirar os tempos a três quilómetros do final e não atribuir vitória de etapa a ninguém, fase em que Pidcock atacou – primeiro sem resposta de ninguém, depois com resposta de Vingegaard.
Para esta quinta-feira está desenhada uma etapa menos montanhosa, mas com uma escalada de primeira categoria – mas sem final em alto.