Mais de mil patos foram abatidos numa exploração em Samora Correia, no concelho de Benavente, depois de ter sido detectado um surto de gripe das aves, conforme confirmou a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), em comunicado, esta terça-feira.
Segundo a agência Reuters, a exploração de patos de engorda em Samora Correia onde foi detectado o surto do vírus H5N1 tem mais de 250 mil patos. As medidas de controlo, que além do abate dos animais infectados incluem a inspecção do local, a sua limpeza e desinfecção, já se encontram em marcha.
“Foi confirmado um novo foco de infecção por vírus da gripe aviária de alta patogenicidade numa exploração avícola de patos de engorda, na freguesia de Santo Estêvão, concelho de Benavente, distrito de Santarém”, lê-se numa nota divulgada pela DGAV esta terça-feira. Na mesma nota, esclarece-se que foi restringida a movimentação nas explorações com aves e que se encontram num raio de até dez quilómetros em redor do foco.
Este mês também já tinham sido detectados focos desta infecção nos concelhos de Alcácer do Sal, Aveiro, Costa da Caparica e Olhão.
Há vários anos que o subtipo H5N1 do vírus da gripe das aves é motivo de preocupação para os cientistas, dada a sua eficácia em aves selvagens. Os milhares de casos em aves de capoeira, as mortes de centenas de leões-marinhos, as infecções em quintas de vacas nos Estados Unidos e até em gatos têm renovado essa preocupação. Aliás, os casos detectados em humanos agravam essa mesma preocupação, com 70 casos e uma morte registados nos Estados Unidos.
Mais de 12 mil aves morreram ou foram abatidas durante o mês de Julho em todo o mundo
Apesar do aumento de focos de infecção, o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) continua a classificar o risco para a população como baixo.
A prevenção e a vigilância estão sobretudo a cargo das explorações de aves e das entidades responsáveis, como a DGAV. Do lado da população, quem trabalha em quintas ou com animais, sobretudo aves, deve ter cuidados redobrados, não descurando a utilização de equipamento de segurança e estando atento a quaisquer alterações nas aves. Além disso, caso se encontrem aves mortas ou feridas, é fulcral não mexer no animal para não ser infectado.
O último relatório da Organização Mundial de Saúde Animal, referente a Julho deste ano, indicava que mais de 12 mil aves morreram ou foram abatidas durante esse mês devido à gripe das aves. Em comparação com as “épocas” de gripe das aves anteriores – contabilizadas entre Outubro de um ano e Setembro do próximo –, esta temporada já está quase ao nível da de 2022/2023, uma das piores de que há registo. Entre Outubro de 2024 e Julho de 2025 já foram detectados surtos em 49 países (em 2022/2023 foram 50) e mais de 1300 surtos em aves de capoeira (apenas menos 600 focos do que em 2022/2023). Ainda faltam dois meses serem contados para terminar a actual época.
Os avisos sobre este vírus, para muitos um forte candidato a protagonista de uma próxima pandemia, aumentaram nos últimos anos com o aumento das infecções em animais que não aves e a disseminação pelo planeta. Em 2024, pela primeira vez houve animais afectados na Antárctida.