Portugal vai avaliar a possibilidade de estabelecer uma interligação elétrica com Marrocos, o que permitirá limitar a dependência do sistema elétrico de Espanha, o único país com o qual está ligado.
O anúncio foi feito esta segunda-feira pela ministra do Ambiente durante a apresentação de um pacote de medidas do plano de resposta ao apagão de 28 de abril e que, comprovadamente, teve origem em Espanha e que alastrou a Portugal através da grande capacidade de interligação entre os dois países. Ao contrário de Espanha, que contou com França e Marrocos para repor a energia na rede durante o apagão, Portugal ficou isolado porque só horas depois pôde contar com a ajuda do único país com o qual está interligado que é precisamente a Espanha.
Maria da Graça Carvalho sinalizou que existe um interesse da parte de Marrocos, mas também realçou que a avaliação irá incidir sobre a possibilidade de Portugal se ligar a um projeto já existente com outras áreas geográficas na Europa. Neste caso Espanha, o único país europeu que está interligado ao estado do norte de África, e o centro da Europa para o qual existe um projeto. Isto porque, reconhece, criar um projeto novo de raiz de interligação entre Portugal e Espanha “seria muito dispendioso” porque envolve um cabo submarino e há uma longa distância entre as duas costas.
No passado, os dois países já discutiram este cenário, mas não avançaram. A hipótese voltou à baila no contexto pós-apagão e com a pressão que os governos ibéricos estão a tentar colocar sobre a França e sobre a Comissão Europeia para a definição de um calendário viável para o reforço das interligações entre a Península e a Europa.
Questionada a dar mais detalhes sobre esta possibilidade, a ministra do Ambiente diz que se encontra numa fase preliminar e que ainda terão de se desenvolvidos contactos com Marrocos. Esta possibilidade não está assim contemplada no pacote de 31 medidas apresentado pelo Governo para tornar a rede elétrica mais segura, no rescaldo do apagão.
Questionada sobre se está satisfeita com a informação prestada pelo Governo de Espanha sobre as causas do apagão, Maria da Graça Carvalho diz que o relatório conhecido em junho, e que foi disponibilizado ao Governo português antes de ser divulgado, tem “uma conclusão muito importante: identifica que a origem foi em território espanhol”. Mas, apesar do mesmo ser muito detalhado, ainda “falta alguma compreensão” sobre “as causas por detrás das causas” porque o relatório distribui as responsabilidades do evento por praticamente todos os operadores”, nomeadamente produtores e rede.
O Governo está à espera do resultado das investigações independentes dos operadores e reguladores europeus.