Lucio Mauro Filho fala da estreia na cobertura do The Town, da família e da carreira musical

Desde que estreou no “Caldeirão com Mion”, em 2021, Lucio Mauro Filho conta que vem vivendo um “sonho dourado”. A partir deste sábado (6), ele e Marcos Mion estarão juntos em mais uma empreitada: o “The town“, em São Paulo. Enquanto Mion e Kenya Sade farão a apresentação do festival, Lucio será o responsável pelas reportagens na Cidade da Música. É a primeira vez que ele fará um trabalho desse tipo:

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— Ao mesmo tempo em que vai ser uma novidade, um desafio que me dá frio na barriga, eu chego empoderado, me sentindo à vontade neste mundo porque estarei com o Mion, falando de um tema que conheço, e porque também faço show, então entendo o lado da banda e da plateia. Fora que o Zé Ricardo (diretor artístico do “The town”) é um irmão de vida. Ou seja, eu era uma bola quicando para o gol (risos).

Ele ressalta que já conhecia atrações do line-up do festival, como o rapper Travis Scott, por causa dos filhos. Lucio é pai de Luiza, de 22 anos, Bento, de 20, e Liz, de 7, todos frutos do casamento de 27 anos com a produtora de eventos Cíntia Oliveira.

— Bento é mais rock. Luiza gosta de pop e trap e, inclusive, fomos ao show do Travis Scott em Nova York. Já Liz gosta de K-pop. Meus filhos impedem que papai vire um dinossauro — diverte-se.

Desde que assumiu a banda Lucio Mauro e Filhos, do “Caldeirão com Mion”, o ator vem buscando se aprimorar.

— Minha relação com a música sempre foi de entusiasta. No programa, estou com os melhores músicos do país. Então, fiz umas aulas com meu filho para aprender a ler partitura; eu só conhecia as cifras. Ele me assessorou. E eu sempre fiz questão de estar com a banda nos ensaios. Minha diária é de músico — afirma.

Lucio, que completou 51 anos em junho, conta que essa guinada profissional vem sendo transformadora em sua vida.

— Se alguém me dissesse há seis anos que eu estaria em um programa de variedades, liderando uma banda, eu não acreditaria. É muito legal fazer 50 anos e continuar descobrindo novidade; é lindo para qualquer profissional. Tenho 35 anos de carreira e posso achar que já fiz de tudo, mas são as falsas certezas. Trabalhar com Mion é uma vontade antiga e eu o considero um fenômeno — reflete.

Com uma carreira estável na televisão, que começou com o Alfredinho em “Zorra total“, em 1999, e se estendeu por sucessos como “A grande família” (2001-2014), a nova versão da “Escolinha do professor Raimundo” (2015-2021) e novelas como “Malhação: viva a diferença” (2017) e “Bom sucesso” (2019), Lucio reitera que nunca se deixou levar por elogios, mas que seu objetivo sempre foi ser um “bom funcionário”.

— Tudo é muito volátil. Então, eu, como artista, não posso cair na armadilha de achar que o jogo está ganho. Na época de “A grande família”, chegou um momento em que a gente estava meio Beatles e, mesmo assim, eu não deixava de fazer trabalhos em paralelo. Sou um trabalhador. Tenho noção do meu talento e sei que, na maioria das vezes, não é sobre talento, mas sobre perseverança, relações e portas que abrimos. Por isso tenho tantos amigos — brinca.

Os pés no chão, ele diz, vieram da própria experiência com o pai, o comediante Lucio Mauro, morto em 2019, aos 92 anos:

— Eu convivi com um artista em casa. Vi os altos e baixos de um gênio como o meu pai e sabia que não era fácil. Já o vi depressivo por causa de outros colegas, por ver amigos talentosos desempregados. A nossa vida pode parecer um mar de rosas nas redes sociais, mas não é assim.

A estabilidade que busca na profissão é a mesma que procura manter em família, destaca. Para ele, estar junto com a mulher configura uma escolha diária.

— A partir do momento em que se quer muito uma família e ela acontece, vem a etapa da manutenção. Existe a conquista e existe a vitória. Conquistou? Agora faremos com que a escolha seja vitoriosa. E não tem jeito, é manutenção diária. Mesmo com a vida maluca do artista, eu sempre tive isso em mente. Como artista, não posso atrapalhar a família porque foi uma escolha que fiz, consciente. Ninguém me colocou contra a parede ou me enfeitiçou (risos). É uma construção que não termina nunca — pondera.

Enquanto Bento termina a faculdade de música, Luiza trabalha com produção de eventos e acabou de concluir a escola de culinária Le Cordon Bleu.

Com o filho, Lucio criou uma banda chamada A Grunge Família, em que interpreta, de forma acústica, músicas de bandas como Pearl Jam. Ele conta que o dueto com o menino o leva para um lugar de conforto, o mesmo que sentiu quando contracenou com o pai na peça “Lucio 80-30”, que estreou em 2008.

— Quando me caiu a ficha, eu falei: “caraca, eu nunca trabalhei com o velho. Se ele morrer, eu não vou me perdoar”. E aí nós fizemos a peça, que deu uns dez anos de sobrevida a ele.

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A morte do pai já é um assunto bem resolvido internamente, explica o artista. Já a da mãe, Ray Luiza, no ano passado, ainda é algo que lhe afeta:

— Meu pai viveu para caramba. Querê-lo vivo seria até egoísmo da minha parte. Acho que foi um ciclo bem fechado. Já a da minha mãe é uma questão diária e ainda dói. Foi ela quem me ensinou a cantar e a tocar violão, que me levou para o Tablado, acreditou em mim. Ainda tenho vontade de pegar o telefone e ligar para ela, mas sei que daqui a pouco isso se transformará em uma saudade linda.

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