O investimento em certificados continua a captar a atenção dos investidores portugueses. Só em julho, este produto de poupança subiu 404 milhões de euros em relação ao mês anterior, ultrapassando os 38 mil milhões pela primeira vez, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal.

Mas apesar deste recorde, a remuneração deste produção tem vindo a cair já que depende diretamente da Euribor. Isto significa que, quando a Euribor sobe, os juros dos Certificados de Aforro aumentam, mas quando a taxa desce, a remuneração do Aforro também cai. 

Em termos líquidos, a série F, atualmente em comercialização, rende agora 1,4%, ou seja, bastante abaixo da inflação prevista para este ano que é de 1,9%, segundo a estimativa mais recente do Banco de Portugal. «Estes títulos não garantem uma valorização real das poupanças, tal como também acontece com a generalidade dos depósitos», alerta a Deco Proteste que chama ainda a atenção para o facto de o produto desta série ter sido lançado em junho de 2023 com rendimentos inferiores: máximo, 2,5%, maturidade mais longa (15 anos) e prémios de permanência que foram reduzidos para metade nos primeiros nove anos, face à série anterior (série E). «Nos meses que se seguiram, os montantes aplicados foram sucessivamente encolhendo e apenas nos últimos 5 meses se tem verificado uma inversão dessa tendência. Provavelmente devido à descida das taxas dos depósitos, em geral, e também devido ao alargamento dos locais de subscrição dos Certificados de Aforro – Banco BiG e APP dos CTT», alerta a entidade. 

Recorde-se que a taxa base da série F é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte, segundo a fórmula: média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, sendo o resultado arredondado à terceira casa decimal. A taxa base não poderá ser superior a 2,5% nem inferior a 0%. «Depois de um longo período em 2,5% bruta, em abril deste ano começou a cair (2,415%); em maio a descida foi ainda maior (2,216%); em junho, volta a cair, para 2,07%; em julho a queda já foi menos acentuada (2,011%) e em agosto caiu apenas 0,024%, passando agora para 1,987% bruta», salienta. 

Quais são as exceções? As séries antigas. «Em em agosto, a série A e B rendem 3,1% líquidos, a série B subscrita depois de junho de 1989 rende 3,1% bruta (2,2% líquida); a série D rende 4% bruta (2,9% líquida) e a série E rende entre 3,4% e 4% bruta, consoante o ano de subscrição (ou seja, 2,5% a 2,9% líquida). Estas sim, garantem um rendimento acima da inflação estimada», alerta a Deco Proteste, aconselhando os investidores a manter se tiverem uma destas séries anteriores

O que esperar? 

Apesar de se perspetivar que as taxas de juro continuem a descer nos próximos meses já não são esperados muitos mais cortes na taxa diretora por parte do Banco Central Europeu, pelo que a Euribor também poderá não descer muito mais. «Supondo que a taxa atual se mantém durante os próximos cinco anos, obtém um rendimento anual líquido de 1,58%, já considerando os prémios de permanência, nas mesmas condições, mas supondo que aplica por 15 anos, obtém um rendimento anual líquido de 2%», acrescenta.

É certo é que, segundo a Deco Proteste, mesmo com a remuneração curta, os Certificados de Aforro continuam a ser mais vantajosos perante o valor que é pago pela maioria dos depósitos a prazo. «Em média, os depósitos rendem menos – a taxa média dos depósitos anda à volta de 1,43% bruta, segundo os dados do Banco de Portugal», acrescentando, no entanto que há no mercado depósitos com taxas que vão até 3%. Mas deixa um alerta: «O problema é que alguns desses depósitos podem exigir montantes elevados e não permitem reforços, não sendo comparáveis aos Certificados de Aforro no que diz respeito à flexibilidade». 

E acrescenta:«Há vantagens que devemos realçar no produto do Estado: nomeadamente o mínimo de subscrição e reforços muitos baixos (100 e 10 euros, respetivamente), a possibilidade de resgate a qualquer momento, após os primeiros três meses; a capitalização trimestral dos juros, que é pouco comum em produtos de capital garantido e o prémio de permanência crescente a partir do segundo ano. Além disso, não tem quaisquer comissões e tem a garantia do Estado, já que e trata de um produto de dívida pública». 

 Ainda assim, o Aforro continua a ser vista como mais atrativo face à nova emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), uma vez que a cobrança de comissões, mesmo sendo variáveis em função de cada banco, anula ou limita muito a rentabilidade do produto no caso de aplicações de pequenos montantes. É de referir que a taxa de rentabilidade corresponde ao valor da Euribor a seis meses, determinada no dia útil anterior ao início de cada período de juros, ou seja, no início de cada semestre, acrescida de um prémio fixo de 0,25%, em que a a taxa de juro mínima não poderá ficar abaixo dos 0,25%.