Luigi Mangione continua na prisão em Nova Iorque por ter assassinado Brian Thompson, da seguradora UnitedHealthcare. Mas, por momentos, pensou-se que Mangione (ou a sua versão gerada por inteligência artificial) pudesse ter feito um trabalho como modelo para a Shein, que apresentava no site uma fotografia do jovem para vender uma camisa. A marca de ultra fast fashion esclareceu que já está a investigar o incidente e o anúncio foi eliminado da loja online.
A empresa diz ter aberto uma investigação interna para apurar como é que a imagem de um suposto Luigi Mangione foi parar ao site. A fotografia, que promovia uma camisa por pouco mais de 10 euros, foi removida pouco depois de a Shein ter sido alertada para as semelhanças — continua a ser possível visualizada na versão arquivada da loja online. “A imagem em questão foi fornecida por um terceiro e foi removida imediatamente após a descoberta”, justificou a empresa em comunicado, sem esclarecer se a fotografia foi gerada por inteligência artificial.
E garantem: “Temos normas rigorosas para todos os anúncios na nossa plataforma. Estamos a realizar uma investigação exaustiva, reforçando os nossos processos de monitorização, e tomaremos as medidas adequadas contra o vendedor, em conformidade com as nossas políticas.”
A versão de Mangione da Shein
DR
Não se sabe quanto tempo é que a imagem esteve a ser promovida na Shein, que habitualmente põe diariamente na loja entre seis a dez mil novas peças de roupa, sobretudo vindas de fornecedores externos à empresa — o que dizem ser a resposta do sucesso da velocidade com que respondem às tendências.
Este não é a primeira vez que Luigi Mangione é usado para marketing, tendo, aliás, sido tornado em material de promoção vendido no Etsy ou na Amazon durante o ano passado — as peças foram entretanto removidas. É que o norte-americano tornou-se uma espécie de ícone contra a revolta do sistema de saúde dos EUA, ainda que tenha sido condenada publicamente a glorificação da violência.
Mangione em tribunal em 2025
Curtis Means/Pool via REUTERS
Mangione em tribunal em 2024
REUTERS/Matthew Hatcher
Já no que toca à Shein, as polémicas são habituais. A popular retalhista online chinesa tem estado sob o escrutínio de Bruxelas, que pôs a descoberto prática ilegais como descontos falsos, pressão para que as compras sejam finalizadas, informação falsa ou incompleta sobre os direitos dos consumidores ou contactos de apoio ao cliente escondidos.
São também conhecidos os problemas de direitos humanos nas fábricas contratadas pela Shein, onde se trabalha pelo menos 12 horas por dia para ganhar 13 cêntimos por cada peça de roupa fabricada, revelou uma investigação da BBC no início deste ano.